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O deus grego Eros possui três diferentes origens para seu mito. O Eros primordial, relatado na Teogonia de Hesíodo, que se manifesta na origem dos tempos como a força fundamental do vir a ser do universo, cuja função era de trazer a claridade o que estava oculto nas trevas das forças primordiais, garantindo a propulsão e coesão do cosmos.
O Eros filho de Afrodite, ora apresenta como pai Ares, ora filho de Hermes, ou mesmo, sem filiação paterna, tendo nascido das pegadas de Afrodite na ilha de Chipre, que formou a imagem do garotinho loiro e alado, inocente e arteiro que se diverte em atirar flechas envenenadas de amor e paixão, o impulso gerador do universo e dos seres humanos.
O Eros platônico, exposto no Banquete, que narra o que lhe falou a sacerdotisa Diotima. Houve um banquete nos jardins do monte Olimpo para celebrar o nascimento de Afrodite, após o mesmo, Penúria, a Pobreza apareceu para mendigar restos de comida e encontrou Póros, a Riqueza dormindo embriagado. Penúria deitou-se com ele e concebeu Eros. Herdou assim as características de ambos: como a mãe é um eterno mendigo e na indigência busca aquilo que carece, do pai herdou a admiração do que é belo e bom. É um verdadeiro filósofo.
Assim, a questão inicial de que o Eros é necessário ao conhecimento deve ser analisada em diferentes perspectivas conforme o Eros enfocado.
O Eros primordial é uma energia que une os elementos masculinos e femininos do cosmos para assegurar a reprodução e a expansão do mesmo e tem uma atuação mais ampla em relação à construção do universo. O Eros primordial explica o vir a ser do mundo.
O Eros filho de Afrodite, que representa a eterna juventude e irresponsabilidade em flechar suas vítimas que não elegem livremente seu objeto de desejo e sob efeito dessas flechas, ficam como se estivessem possuídas por um déspota, inviabilizando quaisquer outras ações que não digam respeito ao que é ou não desejado. É o impulso gerador do universo e dos seres humanos.
O Eros de Platão, não é um deus, mas um espírito, um meio termo entre o mortal e o divino que herdou as características de ambos: como a mãe é um eterno mendigo, passa a vida andando descalço, poeirento, na indigência buscando aquilo que carece. Da parte do pai herdou a admiração do que é belo e bom, é talentoso e capaz de inventar planos para alcançar seus intentos. Platão busca elaborar e justificar um Eros filósofo.
Podemos então concluir que os diferentes Eros, são necessários ao conhecimento. O Eros primitivo e o Eros filho de Afrodite, manifestam um desejo inconsciente de conhecer. Já o Eros platônico, busca, justificar de forma consciente esse desejo e seus objetivos. Representam na verdade as diversas manifestações de uma unidade básica da condição humana: o desejo de conhecer ou de atribuir sentido ao mundo.
Bons estudos!