• Matéria: História
  • Autor: AgnesTreukeLopes
  • Perguntado 7 anos atrás

Qual foi a posição de Getúlio Vargas em relação aos Estados Unidos​

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respondido por: Anônimo
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Resposta:

A política exterior do governo Vargas na década de 1930 tem sido qualificada de diversas maneiras pelos estudiosos do tema: jogo duplo, eqüidistância pragmática etc. Esses rótulos referem-se às relações que o Brasil mantinha simultaneamente com os dois novos eixos de poder em ascensão no mundo, Estados Unidos e Alemanha. Superado o constrangimento inicial causado pelo apoio norte-americano ao governo deposto em 1930, Vargas procurou dar continuidade à política externa praticada desde o início do século XX, que fazia dos Estados Unidos o principal parceiro internacional do Brasil. No entanto, questões de natureza econômica levaram-no a manter ao mesmo tempo um relacionamento com Berlim. Esse equilíbrio delicado só iria ser rompido com a Segunda Guerra Mundial, quando o governo brasileiro foi forçado a tomar uma posição.

Passados os efeitos imediatos da crise de 1929, quando as economias avançadas da Europa e dos Estados Unidos optaram por rígidas políticas protecionistas, os governos alemão e norte-americano entenderam que a saída para suas respectivas crises econômicas era a reativação do comércio internacional. A Alemanha optou pelo comércio de compensação, que consistia na troca de mercadorias sem a intermediação de moeda forte, enquanto os Estados Unidos mais uma vez apostaram no livre-comércio. Para ambos os países, sem possessões coloniais, a América Latina em geral, e o Brasil em particular, representavam um importante mercado fornecedor de matérias-primas e consumidor de produtos manufaturados.

Também no terreno ideológico uma clara cisão separava os dois eixos de poder em ascensão. Os Estados Unidos empunhavam a bandeira da liberal-democracia e invocavam os ideais pan-americanistas para se aproximar dos vizinhos hemisféricos, desenvolvendo a chamada política de boa vizinhança. Já a Alemanha, que a partir da vitória do Partido Nacional Socialista em 1933 adotara o nazismo como ideologia oficial, defendia o autoritarismo antiparlamentar e nacionalista. Assim como o fascismo italiano, o nazismo expressava a falência do liberalismo na Europa. Foi nesse contexto que, na área diplomática, Vargas adotou o que o historiador Gerson Moura chamou de política de "eqüidistância pragmática".

Desde o início Vargas enfrentou problemas na definição de sua política econômica. Ao se iniciar seu Governo Provisório, em novembro de 1930, o Brasil ainda sofria os efeitos da crise de 1929 e enfrentava dificuldades com seus produtos de exportação, em especial o café, cujos preços internacionais tiveram acentuada queda. Além disso, o país se ressentia dos danos decorrentes da interrupção da entrada de capitais estrangeiros e do aumento dos preços dos produtos importados. Como resultado, registrou-se um profundo déficit no balanço de pagamentos, que terminou por acarretar uma grave crise cambial e a suspensão do pagamento do serviço da dívida externa em 1931. A situação só tenderia a melhorar um pouco no governo constitucional de Vargas (1934-1937), quando ocorreu uma relativa liberalização e um rápido crescimento.

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