• Matéria: Física
  • Autor: welison45
  • Perguntado 7 anos atrás

Por que nao e permitido falar em progresso​

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respondido por: REBECADEPINHEIRO2
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Resposta:

A ideologia do progresso, nascida (em sua forma moderna) com as Luzes, tem na concepção hegeliana da história sua suprema expressão filosófica. Interpretava-se cada acontecimento como um momento da marcha da humanidade em direção à liberdade: quando da entrada triunfal de Napoleão na sua cidade, Hegel convenceu-se de que percebera "o espírito do mundo (weltgeist) montado num cavalo".

O pensamento de Adorno situa-se nos antípodas desse otimismo progressista e dessa identificação com a marcha conquistadora da Razão dominante. Numa passagem irônica e amarga das Mínima Moralia, escrita durante a segunda guerra mundial, ele reformulou a metáfora hegeliana: "Eu vi o espírito do mundo, mas não a cavalo: vi-o nas asas de um míssil"1. A seus olhos, a história do século XX refutava dramaticamente a filosofia de Hegel. Com a exceção de uma conferência de 1962, Adorno nunca tratou de maneira "sistemática" ou específica da questão do progresso. A crítica das ilusões "progressistas", todavia, é como um fio vermelho entretecido no conjunto da sua obra; é um elemento central da sua visão de história, que contribui também, de modo determinante, à elaboração de suas idéias sobre a arte, a literatura e a cultura.

Não é necessário dizer que a crítica do progresso não é nova na cultura e na filosofia da Europa central. A reflexão de Adorno lança raízes em toda uma tradição de polêmica, muitas vezes acerba, contra a modernidade burguesa. Ela está ligada a uma corrente profunda que atravessa a história de cultura alemã (e européia) desde o fim do século XVIII até os nossos dias: o romantismo, não como simples escola literária, mas como uma Weltanschauung fundada na crítica da civilização industrial/capitalista moderna a partir de valores sociais e culturais pré-capitalistas. Os dois momentos fortes da evolução dessa corrente são o romantismo "clássico" do início do século XIX e o assim chamado "neo-romantismo", predominante no fim do mesmo século, particularmente nos meios universitários. Esses dois momentos são fontes essenciais da reflexão adorniana do progresso: fontes que são evidentemente re-interpretadas e reexaminadas por uma filosofia que, apesar de tudo, jamais deixou de reinvindicar para si a herança das luzes. Adorno reconhece a legitimidade - parcial e limitada, por certo - das críticas levantadas pelos românticos contra a modernidade e às Luzes: enquanto pura instrumentalidade, "como simples construção dos meios, a Razão é tão destrutiva quanto o afirmam, em suas investivas, os seus inimigos românticos". Mesmo o romantismo mais reacionário - como por exemplo a contra-revolução católica - tinha razão contra o Aufklârung liberal ao mostrar como, graças à economia de mercado, a liberdade se transformava no seu contrário2.

Em certo sentido, Adorno não estava longe de compartilhar o elitismo cultural dos mandarins universitários alemães do fim do século XIX e da sua hostilidade com respeito aos valores positivistas e utilitaristas de uma sociedade de massas moderna dominada pela tecnologia e pelo mercado, mesmo se deles se diferenciasse radicalmente em razão de sua opção social marxista, seu modernismo estético e sua rejeição de toda restauração dos privilégios aristocráticos do passado3.

Não estaria essa trajetória em contradição com o progressismo marxista? Tudo depende da interpretação dos textos marxianos, susceptíveis de leituras muito diversas... A leitura de Adorno põe em relevo que Marx, na sua crítica ao programa de Gotha, rejeitou "a absolutização da dinâmica na doutrina do trabalho como fonte única da riqueza social; e ele admitiu a possibilidade de um retorno à barbárie"4. Graças a essa interpretação - seletiva, mas não necessariamente errônea - a filosofia de Frankfurt pode reduzir as tensões entre sua adesão sincera e profunda ao projeto marxista de emancipação social e sua simpatia em relação às críticas culturais do progresso. Nessa leitura do marxismo ele foi precedido por seu amigo Walter Benjamin, cujos escritos são, sem dúvida, a fonte mais importante e mais direta de sua reflexão nesse domínio.

A grandeza e os limites da crítica passadista ou "réactionnaire" do progresso são ilustrados, aos olhos de Adorno, por dois autores do século XX, cujos escritos ele examina de perto: Aldous Huxley e Oswald Spengler.


REBECADEPINHEIRO2: estar bom para vc????
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