• Matéria: História
  • Autor: isinha1o14
  • Perguntado 7 anos atrás

Qual era o grande interesse de Getúlio e dos militares brasileiros na Segunda Guerra Mundial?

É possível entender que a associação do Brasil com os Estados Unidos gerou uma contradição de Vargas?

Respostas

respondido por: nathytoledo20051
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Resposta:

Uma das principais marcas da política externa brasileira no primeiro governo Vargas (1930-1945) foi a negociação do alinhamento com os Estados Unidos. Como uma decorrência do próprio processo de negociação, no fim já não havia mais o que barganhar com Washington em favor dos interesses do país. O cenário do pós-guerra, com a Europa em ruínas, com os Estados Unidos na condição de única potência política, militar e econômica do Ocidente, e com a inversão da aliança entre Washington e Moscou que resultou na Guerra Fria, estreitou ainda mais o espaço de manobra internacional do Brasil, tornando a consolidação do alinhamento com Washington a única opção para o governo anticomunista do general Dutra (1946-1950).

Foi este cenário que Vargas encontrou ao retornar ao poder com as eleições de 1950. No entanto, o discurso nacionalista que o ajudou a eleger-se presidente da República sugeria uma política externa mais autonomista. Isso fez com que Vargas buscasse o que os analistas chamaram de barganha nacionalista, pela qual procurava negociar o apoio político-estratégico do Brasil aos Estados Unidos em troca da ajuda norte-americana ao desenvolvimento econômico brasileiro, buscando simultaneamente atender as demandas dos setores mais favoráveis ao alinhamento a Washington e daqueles mais comprometidos com o ideário nacionalista.

Entretanto, diferentemente do período da Segunda Guerra, a década de 1950 não apresentava as mesmas condições propícias a barganhas ou negociações. Assim, um comportamento mais autônomo, que projetasse o Brasil no plano internacional, teve de ser restringido a regiões e temas em que os interesses estratégicos norte-americanos não estivessem ameaçados. Não por outra razão, a posição do país frente aos vizinhos continentais se pautou por essas prioridades. Digna de nota, neste sentido, foi a postura brasileira nas discussões acerca da crise guatemalteca, na X Conferência Interamericana, em 1954, ao endossar as prioridades norte-americanas de combate ao comunismo, e não o esforço latino-americano para aprovar resoluções de natureza econômico-social.

Mas no início do segundo governo Vargas ainda havia expectativas bastante positivas quanto ao relacionamento com Washington no tocante à promoção do desenvolvimento econômico brasileiro. De fato, esperava-se que o alinhamento político e militar fosse recompensado por políticas de cooperação econômica entre os dois países. Logo no primeiro ano de sua administração, por ocasião da Conferência de Washington, Vargas teve a impressão de ter obtido importantes concessões econômicas dos Estados Unidos, inclusive com a instalação da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos.

Lutero, filho do presidente Getúlio Vargas, com o exemplar do jornal Última Hora, vendo-se ainda o jornalista Nelson Rodrigues (à esq.). Rio de Janeiro (DF), 1951. No que se refere particularmente ao plano estratégico-militar, uma questão central do período foi o debate em torno da participação do Brasil na Guerra da Coréia. Ao contrário do que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, quando havia setores francamente favoráveis à participação militar direta do Brasil, a solicitação do governo de Washington para que o país enviasse tropas à Coréia não foi bem recebida. De modo a evitar que a recusa brasileira prejudicasse as conversações em torno da maior cooperação econômica dos Estados Unidos, Vargas procurou desvincular as duas esferas de negociação. O mesmo, entretanto, não podia ser feito com relação ao Acordo Militar. De fato, a assinatura deste Acordo, em 15 de agosto de 1952, se inseriu nas negociações sobre a participação do Brasil no conflito coreano. Ao final, em troca do fornecimento de equipamentos e serviços de natureza militar ao Exército brasileiro, o Brasil se comprometeu a fornecer minerais estratégicos aos Estados Unidos; mas resistiu à pressão para enviar tropas ao teatro de operações. Após uma difícil tramitação no Congresso, tendo em vista a forte oposição nacionalista, que polarizou o debate público em torno do tema, o Acordo Militar foi finalmente aprovado em março de 1953.

Outra questão associou fortemente a política interna e externa brasileiras no período: as discussões em torno da criação da Petrobras. Item central na campanha presidencial de Vargas, o tema esteve no centro do debate entre os então chamados "entreguistas" e os nacionalistas que se opunham fortemente às pressões dos Estados Unidos em favor das grandes companhias de petróleo. Finalmente, em outubro de 1953, o Congresso aprovou a Lei 2004, de criação da Petrobrás, que garantia o monopólio estatal na pesquisa, lavra, refinamento e transporte do petróleo. A lei aprovada foi muito além do projeto original de Vargas, que viu esse resultado incidir de modo fortemente negativo sobre as relações do país com Washington.

 

   

 

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