• Matéria: Português
  • Autor: gulimbecati2
  • Perguntado 7 anos atrás


QUESTÃO 22
E vendo o homem com os olhos abertos como tudo passa, só nós vivemos como se não passáramos¹. Todos imos² embarcados na mesma nau, que é a vida, e todos navegamos com o mesmo vento, que é o tempo; e assim como na nau uns governam o leme, outros mareiam as velas; uns vigiam, outros dormem; uns passeiam, outros estão assentados; uns cantam, outros jogam, outros comem, outros nenhuma coisa fazem e todos igualmente caminham ao mesmo porto; assim nós, ainda que não pareça, insensivelmente imos passando sempre e avizinhando-se cada um a seu fim. Considerando este contínuo passar do homem, diziam os sábios da Grécia que todo o homem que chega a ser velho morre seis vezes; e como? Passando da infância à puerícia, morre a infância; passando da puerícia à adolescência, morre a puerícia; passando da adolescência à juventude morre a adolescência; passando da juventude a idade do varão morre a juventude; passando da idade de varão à velhice, morre a idade de varão; finalmente passando de viver por tanta continuação e sucessão de mortes, com a última, que só chamamos morte, morre a velhice. Se o Sol, que sempre é o mesmo, todos os dias tem um novo nascimento e um novo ocaso, quanto mais o homem por sua natural inconstância tão mutável, que nenhum é hoje o que foi ontem, nem há de ser amanhã o que é hoje!

¹ não passáramos: não passássemos
² imos: vamos

(VIEIRA, Pe. A. In: GOMES, E. (Org.). Vieira: Trechos escolhidos. RJ: Agir, 1971. p. 85. Adaptado.)

A relação adequada entre a expressão destacada e o recurso estilísitico apresentado encontra-se em:
A)

“... nenhum homem é hoje o que foi ontem, nem há de ser amanhã o que é hoje.” – Gradação
B)

“Todo homem que chega a ser velho morre seis vezes.” – Hipérbole
C)

“Todos nós imos embarcados na mesma nau, que é a vida.” – Metáfora
D)

“... uns governam o leme, outros mareiam as velas” – Prosopopeia

Respostas

respondido por: brendaisis
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Letra a. Gradação.

Podemos notar em "Nenhum homem é hoje o que foi ontem, nem há de ser amanhã o que é hoje" a existência de uma figura de linguagem que está diretamente relacionada com a enumeração de termos diante de um contexto.

Além disso, determinadas ideias de formas são apresentadas de forma ora crescente ora decrescente, explorando na realidade o significado que apresentam as palavras, caracterizando um importante recurso semântico.

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