O analfabetismo na Índia é um grande problema social no país. Como o governo tem enfrentado esta situação?
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Trânsito caótico, poluição, má conservação de prédios e ruas, medo de ataques terroristas e pobreza são características visíveis para quem visita Nova Delhi, capital da Índia, um dos países mais promissores aos olhos do Ocidente, com uma economia de US$ 900 bilhões que cresce a uma média de 9% ao ano, de acordo com o Banco Mundial. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esteve no país esta semana, onde se encontrou com o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, e o presidente sul-africano, Kgalema Motlanthe.
Com uma população de aproximadamente 15 milhões de pessoas, segundo dados de 2005 das Nações Unidas, Nova Delhi possui também uma grande quantidade de veículos em circulação. Em um trânsito aparentemente sem regras, em que veículos constantemente trocam de faixa sem sinalizar e desrespeitam sinais de trânsito, carros dividem espaço com bicicletas, motos e diversos carros de três rodas com capacidade para transportar de cinco a oito passageiros, conhecidos como tuc-tucs.
Os tuc-tucs são o principal meio de transporte coletivo na Índia e, é comum ver os carros transportando mais passageiros que a capacidade. Alguns tuc-tucs de oito lugares chegam a levar até 18 pessoas. Como eles não têm porta, os passageiros se amontoam muitas vezes deixando partes do corpo do lado de fora do automóvel. Em meio ao trânsito complicado, a buzina acaba se tornando um acessório primordial. A poluição sonora faz parte da rotina dos indianos.
A arquitetura de Nova Delhi, que privilegia as rotatórias, em vez de cruzamentos, o que faz com que se reduza o número de sinais de trânsito e, assim, se crie um fator de risco para o pedestre. Para atravessar as ruas, muitas vezes, as pessoas têm que se arriscar no meio dos carros em movimento.
A pobreza é outro elemento visível para quem visita Nova Delhi. É comum ver famílias inteiras deitadas no chão e pessoas pedindo esmolas nas ruas, oferecendo serviços como o de guias ou trabalhando no setor informal. Segundo o Ministério do Trabalho indiano, 93% dos cerca de 400 milhões de trabalhadores da Índia (de uma população de 1,1 bilhão de pessoas) não têm emprego formalizado.
Isso inclui uma grande massa de jovens. Em uma caminhada de cerca de um quilômetro pelo centro de Nova Delhi, a reportagem da Agência Brasil foi abordada, em momentos diferentes, por dois adolescentes. Os dois tinham histórias semelhantes. Ambos vinham de Jaipur, cidade no estado do Rajastão, próximo de Delhi, onde deixaram suas famílias para tentar a vida na capital.
Eles eram estudantes e se ofereciam para servir de guia pela cidade. Um deles, apesar de insistir na oferta, não chegou a pedir dinheiro. Já o segundo, ao ver que não teria seu serviço aceito, pediu dinheiro para comprar um livro.
O medo de ataques terroristas também é percebido por quem visita a Índia, nação de inúmeros grupos étnico-religiosos, como hindus, muçulmanos e sikhs, e vizinha do Paquistão, país com o qual mantém uma histórica rivalidade. Atentados em Nova Delhi, Mumbai e Jaipur, por exemplo, já deixaram centenas de mortos. Por isso, seguranças nos portões de prédios públicos e hotéis vasculham, com detectores de explosivos, cada carro que entra nesses locais.
"Aqui na Índia tem muita pobreza e grande parte da população ainda é analfabeta. E com essa crise econômica, isso pode ficar ainda pior. A economia da Índia não está recebendo bem essa crise. Já há desemprego por causa disso", afirma o guia turístico Shakil Uddin, que trabalha no ramo há 25 anos.
A crise à que se refere Uddin já aparece nas páginas dos jornais indianos. No Hindustan Times, por exemplo, a reportagem principal do caderno de economia traz a manchete "Economia na encruzilhada" e destaca pontos como a desvalorização da rúpia, moeda local, e como a desconfiança dos bancos indianos em conceder empréstimos.
A Índia tem mais de 1,1 bilhão de habitantes e 3,2 milhões de quilômetros quadrados de superfície. Além do inglês e do hindi, o país tem outras 14 línguas oficiais. Sua independência só foi conseguida em 1947, quando se libertou do domínio britânico.