Respostas
Resposta: O artigo de ontem “Dilma e a reabilitação de Jango” suscitou um bom debate no meu blog. Um dos debatedores – ilustre – foi o historiador brasileiro radicado na França, Luiz Felipe de Alencastro.
Sua hipótese é de que o golpe foi precipitado devido à quase certeza de eleição de Juscelino Kubitscheck nas eleições de 1965.
Faz todo sentido.
Há alguns anos o Ibope liberou seus arquivos para a Unicamp. Neles, há pesquisas feitas em 1964, antes do golpe. A pesquisa revelava um fenômeno até hoje atual: a diferença entre a opinião pública ampla e a chamada “opinião publicada” – aquela mais diretamente influenciada pelos grandes grupos de mídia.
No público em geral havia ampla aprovação para as “reformas de base” anunciadas por Jango.
Em qualquer cenário eleitoral – com Jango ou Juscelino Kubitscheck do lado da situação, com Carlos Lacerda, Magalhães Pinto ou Ademar de Barros, do lado da oposição – havia folgada maioria pró-governo.
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Pouco antes de 31 de março, JK teve uma recepção consagradora em São Paulo – cidade que sempre o olhava com um pé atrás. Terminou com uma missa na Catedral da Sé e JK sendo literalmente levado nos ombros do povo até o prédio da Associação Comercial, onde iria falar.
Influenciaram esse entusiasmo o clima de euforia do período JK e os problemas econômicos herdados por Jango e tratados de forma um tanto atabalhoada. Os empresários também queriam a volta de JK.
Para uma oposição sem nenhuma viabilidade eleitoral, só havia espaço para soluções extra-eleitorais– o golpe.