O açúcarO branco açúcar que adoçará meu caféNesta manhã de IpanemaNão foi produzido por mimNem surgiu dentro do açucareiro por milagre.E afável ao paladarComo beijo de moça, águaQue se dissolve na boca. Mas este açúcarNão foi feito por mim.Da mercearia da esquina eTampouco o fez o Oliveira,Dono da mercearia.De uma usina de açúcar em PernambucoOu no Estado do RioE tampouco o fez o dono da usina.Este açúcar era canaE veio dos canaviais extensosQue não nascem por acasoNo regaço do vale.Em lugares distantes,Onde não há hospital,Nem escola, homens que não sabem ler e morrem dePlantaram e colheram a canaQue viraria açúcar.Em usinas escuras, homens de vida amargaProduziram este açúcarCom que adoço meu café esta manhã(GULLAR, Ferreira. Toda poesia (1950-1980). São Paulo: Círculo do Livro. 1983. p.Ferreira Gullar é uma das maiores expressões da chamadapoesia engajada brasileira, na segunda metade do século XX.A leitura do poema acima, o qual denuncia um prob
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A leitura do poema acima denuncia os entraves relacionados com o modo produtivo, com a desigualdade de renda presente no Brasil, e com a concentração de terras, que envolve demais outros inúmeros problemas sociais.
Isso porque o homem que trabalha no campo, proporcionando tamanhso benefícios alimentares a quem vive nos luxuosos centros urbanos, não usufrui dos mesmos benefícios que aqueles moradores de Ipanema, por exemplo.
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