Compare os textos I e II a seguir, que tratam de aspectos ligados a variedades da línguaportuguesa no mundo e no Brasil.Texto IAcompanhando os navegadores, colonizadores e comerciantes portugueses em todas as suasincríveis viagens, a partir do século XV, o português se transformou na língua de um império.Nesse processo, entrou em contato — forçado, o mais das vezes; amigável, em alguns casos —com as mais diversas línguas, passando por processos de variação e de mudança linguística.Assim, contar a história do português do Brasil é mergulhar na sua história colonial e de paísindependente, já que as línguas não são mecanismos desgarrados dos povos que as utilizam.Nesse cenário, são muitos os aspectos da estrutura linguística que não só expressam a diferençaentre Portugal e Brasil como também definem, no Brasil, diferenças regionais e sociais.PAGOTTO, E. P. Línguas do Brasil. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br.Acesso em: 5 jul. 2009 (adaptado).Texto IIBarbarismo é vício que se comete na escritura de cada uma das partes da construção ou napronunciação. E em nenhuma parte da Terra se comete mais essa figura da pronunciação quenestes reinos, por causa das muitas nações que trouxemos ao jugo do nosso serviço. Porquebem como os Gregos e Romanos haviam por bárbaras todas as outras nações estranhas a eles,por não poderem formar sua linguagem, assim nós podemos dizer que as nações de Africa,Guiné, Asia, Brasil barbarizam quando querem imitar a nossa.BARROS, J. Gramática da língua portuguesa. Porto: Porto Editora, 1957 (adaptado).Os textos abordam o contato da língua portuguesa com outras línguas e processos de variação ede mudança decorridos desse contato. Da comparação entre os textos, conclui-se que a posiçãode João de Barros (Texto II), em relação aos usos sociais da linguagem, revela:a) atitude crítica do autor quanto à gramática que as nações a serviço de Portugal possuíame, ao mesmo tempo, de benevolência quanto ao conhecimento que os povos tinham desuas línguas.b) atitude preconceituosa relativa a vícios culturais das nações sob domínio português, dado ointeresse dos falantes dessa línguas em copiar a língua do império, o que implicou afalência do idioma falado em Portugal.c) o desejo de conservar, em Portugal, as estruturas da variante padrão da língua grega —em oposição às consideradas bárbaras —, em vista da necessidade de preservação dopadrão de correção dessa língua à época.d) adesão à concepção de língua como entidade homogênea e invariável, e negação da ideiade que a língua portuguesa pertence a outros povos.e) atitude crítica, que se estende à própria língua portuguesa, por se tratar de sistema quenão disporia de elementos necessários para a plena inserção sociocultural de falantes nãonativos do português.
Respostas
d) adesão à concepção de língua como entidade homogênea e invariável, e negação da ideia de que a língua portuguesa pertence a outros povos.
É preciso considerar que a posição de João de Barros em relação aos usos sociais da língua portuguesa é bastante antiquada e até mesmo preconceituosa, o que é exemplificado no trecho: “África, Guiné, Ásia, Brasil barbarizam” ao quererem fazer a imitação da forma de falar e de escrever dos portugueses.
Dessa forma, o autor faz a demonstração de uma concepção de língua como homogênea e invariável, como o exposto na alternativa d.
Bons estudos!
Resposta:
Alternativa D.
Explicação:
A posição de João de Barros em relação aos usos sociais da língua portuguesa é antiquada e preconceituosa, ao dizer que “África, Guiné, Ásia, Brasil barbarizam” quando querem imitar o modo de falar e escrever dos portugueses. Assim, o autor demonstra uma concepção de língua como homogênea e invariável, como afirma a opção D (como se ela estivesse imune às variações regionais, históricas e sociais), além de negar aos outros povos lusófonos o sentimento de que a língua também lhes pertence.