A internet e o voto
O Brasil tem a mais regulada legislação entre as grandes potências ocidentais. Os candidatos brasileiros só podem começar sua campanha noventa dias antes do primeiro turno das eleições e as emissoras de rádio e televisão são obrigadas a abrir espaço gratuitamente para os partidos. O tempo de exposição das ideias concedido a cada partido é definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por um cálculo que parte de uma cota mínima comum, sendo o restante proporcional à banca na Câmara dos Deputados e as coligações. Os debates na televisão e as entrevistas durante a campanha obedecem a regras esdruxulas que obrigam a ouvir todos os candidatos, mesmo aqueles que apenas fazem figuração, nada tem a dizer ou mal chegam a um digito nas pesquisas de intenção de voto.
Um projeto aprovado na Câmara dos Deputados na segunda passada tem o objetivo de liberalizar um pouco essa camisa de força.
O projeto facilita a realização dos debates, que poderiam ter a participação de apenas dois terços dos candidatos. A justiça também não puniria mais a “campanha antecipada”, as entrevistas e reuniões feitas antes do início oficial da temporada eleitoral. São avanços pequenos, mas bem-vindos. Eles seriam ainda mais significativos se a Câmara não tivesse caído na tentação absurda de regular o uso da internet no período eleitoral.
(...) O projeto não é a primeira tentativa oficial de domar a rede mundial. Nem é o mais agressivo. São sobejamente conhecidas as manobras dos ditadores chineses, iranianos, cubanos e norte-coreanos para barrar o acesso de seu povo à internet.
A iniciativa dos deputados ainda será apreciada pelo Senado, onde, espera-se, possam ser podados os capítulos referentes à internet.
Isso seria ótimo até porque, mantidas como estão, as novas regras estariam fadadas a ser desmoralizadas na prática. A internet é indisciplinável nas democracias, sua aprovação ficaria então apenas como mais uma evidência do abismo que separa Brasília do mundo real.
8 – A interpretação mais adequada para o primeiro parágrafo do texto é
A) inicia-se com uma afirmação genérica sobre a legislação eleitoral do brasil que é posteriormente comprovada por argumentos específicos.
B) expõe uma comparação entre as leis que regulamentam o processo eleitoral no Brasil e em vários outros países democráticos do Ocidente
C) expõe uma incoerência entre as restrições impostas pela legislação eleitoral do brasil e o fato de o país ser uma democracia
D) explicita um elogio à democracia brasileira por saber organizar eficientemente o processo eleitoral no país.
E) critica o pouco tempo dado a partidos nos debates eleitorais para provar que, no Brasil, o processo eleitoral é mal regulamentado.
9 – Das afirmações a seguir, aquela que apresenta uma análise INCORRETA do segundo parágrafo é:
A) enumeram-se mudanças nas leis eleitorais discutidas pela Câmara dos Deputados a fim de garantir uma melhoria no processo eleitoral brasileiro.
B) A expressão “camisa de força” retoma as ideias de restrições impostas pelas leis eleitorais apresentadas no primeiro parágrafo.
C) a referência à melhora dos debates decorre do fato de estes ficarem limitados obrigatoriamente a apenas dois terços dos candidatos, os mais representativos para a sociedade.
D) embora as mudanças previstas pelo projeto não sejam de grandes proporções, já simbolizam alguma evolução.
E) um dos avanços previstos pelo projeto refere-se à permissão de entrevistas e reuniões políticas antes do início oficial da campanha.
10 – Com base na leitura do terceiro parágrafo, é correto concluir que:
A) Os candidatos menos expressivos conquistariam maior relevância com as mudanças propostas.
B) o projeto em discussão tem como único objetivo induzir o eleitor a votar as cegas
C) há uma incoerência em relação aos parágrafos anteriores, já que o Brasil, antes comparado a países democráticos, é agora associado a países de regime ditatorial
D)o autor faz uma ressalva aos avanços almejados pelo projeto em discussão na Câmara dos Deputados.
E) o pais estaria condenado a desmoralização, caso o projeto que regula a internet nas campanhas políticas seja aprovado.
Respostas
8 - C) expõe uma incoerência entre as restrições impostas pela legislação eleitoral do brasil e o fato de o país ser uma democracia.
O primeiro parágrafo do texto apresenta uma incoerência em relação às restrições que foram impostas pela legislação eleitoral no território nacional brasileiro.
9 - E) um dos avanços previstos pelo projeto refere-se à permissão de entrevistas e reuniões políticas antes do início oficial da campanha.
O segundo parágrafo apresenta uma enumeração a respeito de alterações nas leis eleitorais que foram discutidas pela Câmara dos Deputados visando a garantia de uma melhoria.
10 - D)o autor faz uma ressalva aos avanços almejados pelo projeto em discussão na Câmara dos Deputados.
É possível perceber que o autor somente faz uma explicação da existência na internet de uma democracia e sua falha, sem se posicionar contra a internet.
Bons estudos!