Em vista de uma globalização imposta por meio de mercados sem limites, muitos de nós têm a esperança de um retorno ao político sob outra forma – não a forma hobbesiana original de um Estado de segurança globalizado, ou seja, com dimensões de polícia, serviço secreto e forças militares, mas de um poder mundial de configuração civilizadora. No momento não nos resta muito mais do que a pálida esperança em alguma astúcia da razão – e um pouco de autorreflexão. Pois aquela ruptura muda cinde também a nossa própria casa. Nós só conseguiremos aferir adequadamente os riscos de uma secularização que saiu dos trilhos em outros lugares, se tivermos claro o que significa a secularização em nossas sociedades pós-seculares. (HABERMAS, J. Fé e Saber. São Paulo: Editora Unesp, 2013, p. 4.) Explique por que Habermas considera que a secularização "saiu dos trilhos em outros lugares" e o que seria necessário para se construir uma possível alternativa.
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Habermas é um filósofo alemão que é profundamente crítico de muitos aspectos das sociedades contemporâneas, sendo a ideia da "secularização que saiu dos trilhos" uma referência ao "culto" ao materialismo e ao uso da razão exclusivamente como meio para fins que define as nossas sociedades.
Se trata, então, não de uma retomada das teocracias ou do Absolutismo, mas sim de rever as formas como empregamos a Razão, como organizamos o nosso sistema econômico, nossos sistemas de educação e os nossos sistemas políticos, sendo a valorização de um modelo da Razão pautado pela reflexão, e não pela técnica pura, um dos passos iniciais necessários.
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