Durante toda a Idade Média, o miserável, o vagabundo, o louco foram protegidos por esse direito à hospitalidade e à parte do pobre, que se lhes reconhece em nome de Deus (...). Todo esse mundo, até então protegido pela sombra de Deus, vai tornar-se, no século XVII, inimigo de uma sociedade urbana, já capitalista, apaixonada pela ordem e pelo lucro e que constrói o Estado nesse espírito e com esse fim. Em toda a Europa (tanto a protestante quanto a católica), os pobres, os doentes, os desempregados, os loucos são impiedosamente encerrados (por vezes com suas famílias) ao lado de delinquentes de todas as origens. (Fernand Braudel, Gramática das civilizações. In Alceu Pazzinato e Maria Helena Senise, História Moderna e Contemporânea. Adaptado) a) Explique a diferença no tratamento dado às pessoas que compunham "esse mundo" na Idade Média e na Moderna. b) Identifique um princípio da sociedade capitalista que era ameaçado por "esse mundo".
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Respostas
A - Na Idade Média as pessoas "desse mundo" eram amparadas pelo princípio da Caridade Cristã, com a ideia de que, se não podiam ser incluídas no que seria a "sociedade sã", deveriam ser separadas dela por meio da inclusão em um outro sistema, pautado pelo atendimento aos miseráveis, mendigos e doentes mentais nos monastérios.
Na Idade Moderna eram "rejeitos sociais" e "incapazes", muitos deles reduzidos à mendicância ou aprisionados.
B - Na sociedade capitalista há a ideia de que "quem não trabalha, não deve comer", de modo que a existência de pessoas que não trabalhavam, mas que eram amparadas em sua miséria por algum organismo social, desafiava a submissão do proletariado às condições terríveis em que se trabalhava na época: em resumo, temiam que, se o pobre fosse amparado pela sociedade, talvez não mais se submetesse aos abusos nas fábricas.