• Matéria: Português
  • Autor: ugsihsii
  • Perguntado 7 anos atrás

Gente mim ajuda, as perguntas são:

1) Indique o(s) provável(eis) objetivo(s) do texto “Chame um sociólogo”.


2) Defina o provável público-alvo do texto e justifique sua definição.


3) Evidencie a principal tese defendida pela autora do texto.


4) Apresente dois argumentos usados pela autora para a defesa da tese.

De tempos em tempos precisamos repensar sobre esta questão: quem é o povo brasileiro,

essa entidade enigmática? Principalmente em um ano eleitoral importante como este, em

que de um lado estão aqueles que veem os problemas do Brasil, não somente de caráter

político, como um resultado da falta de capacidade crítica do povo brasileiro e de outro,

aqueles que acreditam que a população é sempre a vítima do nosso atraso histórico, do

abandono, da falta de educação e de informação.

A ideia de que o brasileiro é sempre um sujeito diferente daquele que fala é antiga no Brasil.

O povo é o outro e nunca nós mesmos. E esse povo, que é o outro, é sempre o ignorante, o

inculto, o amarfanhado, o pobre, o analfabeto, o distante. Em 1907, a revista Fon Fon! trazia

em um de seus exemplares uma caricatura chamada de Zé Povo. Tal como viríamos a usar

esta expressão até hoje, o Zé Povo (ou Zé Povinho) era o sujeito mal vestido, magro e

desengonçado. Contra ele estava o mundo da política ou o dos grã-finos. A caricatura da Fon

Fon! fazia uma crítica mordaz, sugerindo que, enquanto os políticos e os elegantes (que

acabavam sendo da mesma elite) se divertiam, o Zé Povo pagava as contas, trabalhava nas

repartições públicas e sofria com sua vidinha modorrenta. […]

O mesmo acontece anos mais tarde quando, em 1914, Monteiro Lobato chamou o homem

pobre rural de Jeca Tatu. Segundo o escritor, Jeca era o protótipo do povo brasileiro que,

acocorado sobre os calcanhares, seria incapaz de se levantar para encarar o trabalho

disciplinado e a modernização do País. As duas coisas ficariam a cargo dos imigrantes

europeus que estavam ocupando os melhores postos de trabalho e forjando o progresso.

Nos anos 30, a discussão volta ao cenário, e a grande preocupação é com o caráter da nação

brasileira. Artistas, escritores, sociólogos buscam uma definição, e as manifestações culturais

populares são recolhidas para fazer parte da música, da dança, da literatura. O povo

brasileiro passa a ser ingrediente fundamental na constituição da nação, e Getúlio Vargas,

inaugurando o chamado populismo, fala em nome do povo e se define como o pai dos

pobres, isto é, do povo, para o povo. Mas quem era ele? O índio, o nordestino, o nortista, o

negro, o pobre, o caboclo, o operário, o homem rural?

Ao governo populista não interessava o trabalhador organizado, mas “este povo” em

abstrato, sujeito crente e passivo, protegido e reprimido pelo Estado. A discussão volta com

força nos anos 50 e, em plena era desenvolvimentista, quando o Brasil começa o processo

de industrialização e urbanização mais agressivo, o JecaTatu é retomado pelo cinema e

Mazzaropi faz muito sucesso. A crítica, generosa, escrevia que Mazzaropi levava o verdadeiro

povo brasileiro às telas. Mas, podemos perguntar outra vez: quem se identifica com o Jeca

Tatu de Mazzaropi? Provavelmente ninguém deseja tal identidade para si. Portanto, o que

podemos dizer, a partir destes poucos exemplos, é que a identidade nacional ou a condição

de povo brasileiro é sempre atribuída a um sujeito que não somos nós. Deste modo,

reaparece sempre a ideia de que de um lado existe uma elite esclarecida, proprietária, bem

nascida, educada e cosmopolita, cidadã do mundo e capaz de votar bem, é claro. E de outro,

o povo, o Zé Povo, o inculto, o pobre, o sem eira nem beira, o brasileiro. Quem seria ele? Ora

o índio, ora o caboclo, ora o mulato, ora o cangaceiro, ora o Jeca, ora o favelado, ora o

analfabeto, ora os descamisados. Mas o fato é que o povo é sempre o outro (não sou eu,aquele que fala), e este outro é quase sempre pintado como alguém cuja ignorância o faz

objeto de riso, de pena, de rejeição, eleitor sem consciência.

Com este deslocamento da identidade nacional, acabamos sempre por delegar ao outro a

obrigação de comportar-se como povo. No entanto, se este sujeito não é apreensível, não é

identificável, então, acabamos por construir uma identidade abstrata que não pertence a

ninguém. Daí para crer que o povo vota errado — mas eu não — é um passo. Sem dúvida,

existe este grande desafio para a sociedade brasileira, o de enxergar-se como tal, e isto não

quer dizer homogeneidade, nem ausência de conflitos sociais e de classes. Mas quer dizer

que pertencer à condição de povo brasileiro significa ter alguma responsabilidade pelo

coletivo, sair da individualidade consumista que nos assola e começar a pensar que nós é

que fazemos a História. Enquanto isso não acontecer, continuaremos procurando pelo tal do

povo brasileiro, este outro impalpável.​

Respostas

respondido por: jalves26
138

1. O(s) provável(eis) objetivo(s) do texto “Chame um sociólogo” é a discussão sobre a identidade do povo brasileiro e a crítica ao individualismo e à falta de um senso coletivo.

2. O provável público-alvo do texto são as pessoas em geral, pois o texto fala do povo brasileiro, de coletividade, identidade nacional e política.

3. A principal tese defendida pela autora do texto é de que a sociedade brasileira é configurada por um universo social dualista que não  se identifica com a totalidade da população brasileira e exime-se de  responsabilidade social.

4. Dois argumentos usados pela autora para a defesa da tese:

A caricatura Zé Povo, que "fazia uma crítica mordaz, sugerindo que, enquanto os políticos e os elegantes se divertiam, o Zé Povo pagava as contas, trabalhava nas  repartições públicas e sofria com sua vidinha modorrenta".

A nomeação do homem rural como Jeca Tatu, que "era o protótipo do povo brasileiro que,  acocorado sobre os calcanhares, seria incapaz de se levantar para encarar o trabalho  disciplinado e a modernização do País".


silviacatherine36: ola, desculpa o incômodo, será que poderia me ajudar nesta questão de português? https://brainly.com.br/tarefa/25559776
respondido por: rafadm89
6

Este é um típico texto dissertativo-argumentativo e como tal existem a tese e seus argumentos.

O autor defende a ideia de que devemos ter consciência na hora de votar, pois somos um povo e, como uma nação, devemos estar unificados nesse momento tão importante que são as eleições, já que é preciso ter uma responsabilidade pelo coletivo e somos agentes na construção da História do Brasil. Assim, o principal objetivo comunicativo é um reflexão sobre o tema e fazer os leitores brasileiros a enxergar essa polaridade que existe na hora de votar: uma parcela da população é passiva, sofredora e vítima do sistema; e outra é politizada, educada, rica e cosmopolita.

O público-alvo é qualquer eleitor brasileiro, porque, após uma leitura-reflexiva, é possível ver que a autora propõe o fim dessa dualidade e promove a unificação do povo brasileiro, capaz de fazer boas escolhas.

Como argumentos, a autora do texto utiliza, primeiramente, de uma pergunta-retórica (aquela em que não há a necessidade de ser respondida): quem é o povo brasileiro, essa entidade enigmática?.  Em seguida, ela usa um exemplificação (Em 1907, a revista Fon Fon! trazia em um de seus exemplares uma caricatura chamada de Zé Povo.) para argumentar sobre a ideia de que existe desde muito tempo atrás a ideologia de um povo pobre, miserável, vitimizado. Depois, ela usou um conhecimento de literatura ao falar do famoso personagem de Monteiro Lobato, o Jeca Tatu, outro exemplo de Zé Povo. Em seguida, ela utiliza o contexto histórico, ao citar o populismo de Getúlio Vargas.

Para saber mais sobre o texto dissertativo-argumentativo, veja o link abaixo:

https://brainly.com.br/tarefa/8778143

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