• Matéria: Português
  • Autor: paolagabi51
  • Perguntado 7 anos atrás

Me ajudemmmmmm!!!!!!!!!! Porfavorrr!!!!

Encontraram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam. 

-- Bom dia...

-- Bom dia.

-- A senhora é do 610.

-- E o senhor do 612.

-- É.

-- Eu ainda não o conhecia pessoalmente...

-- Pois é.

-- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...

-- O meu o quê?

-- O seu lixo. 

-- Ah...

-- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...

-- Na verdade, sou só eu. 

-- Mmmmmmmm. Notei também que o senhor usa muita comida em lata.

-- É que tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...

-- Entendo.

-- A senhora também...

-- Me chame de você. 

-- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignos, coisas assim...

-- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...

-- A senhora... você não tem família?

-- Tenho, mas não aqui. 

-- No Espírito Santo. 

-- Como é que você sabe?

-- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.

-- É. Mamãe escreve toda semana. 

-- Ela é professora?

-- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?

-- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.

-- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo...

-- Pois é...

-- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.

-- É.

-- Más notícias?

-- Meu pai. Morreu.

-- Sinto muito. 

-- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.  

-- Foi por isso que você recomeçou a fumar?

-- Como é que você sabe?

-- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo. 

-- É verdade. Mas consegui parar outra vez. 

-- Eu, graças a Deus, nunca fumei. 

-- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...

-- Tranquilizantes. Foi uma fase. Já passou. 

-- Você brigou com o namorado, certo?

-- Isso você também descobriu no lixo?

-- Primeiro, o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel...

-- É, chorei bastante, mas já passou.

-- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...

-- É que estou com um pouco de coriza.

-- Ah.

-- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.

-- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.

-- Namorada?

-- Não. 

-- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no teu lixo. Até bonitinha. 

-- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga. 

-- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte. 

-- Você já está analisando o meu lixo! 

-- Não posso negar que o seu lixo me interessou. 

-- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.

-- Não! Você viu meus poemas?

-- Vi e gostei muito. 

-- Mas são muito ruins! 

-- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados. 

-- Se eu soubesse que você ia ler...

-- Só não fiquei com eles, porque, afinal, estaria roubando. Se bem que não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela? 

-- Acho que não. Lixo é domínio público. 

-- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é  comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?

-- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...

-- Ontem, no seu lixo...

-- O quê?

-- Me enganei, ou eram cascas de camarão?

-- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.

-- Eu adoro camarão.

-- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...

-- Jantar juntos?

-- É.

-- Não quero dar trabalho. 

-- Trabalho nenhum. 

-- Vai sujar a sua cozinha. 

-- Nada. Num instante se limpa e põe os restos fora. 

-- No seu lixo ou no meu? 

1- Em que pessoa é feita a narração? Comprove com uma passagem do próprio texto:

2- Observando como o autor estruturou o texto qual é o papel do narrador:

3- Além de um conhecimento mútuo, o que mais o lixo proporcionou aos dois?

4- O lixo, no texto, pode ser visto como uma metáfora. Justifique tal afirmativa:

5- "... o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?". Reveja a situação em que a pergunta foi feita no texto e dê a sua opinião sincera: 

6- "Você já está analisando o meu lixo!", disse o rapaz em determinado momento. Pouco depois, ele faz uma "análise" do lixo da moça. O que ele analisa? Você concorda com ele?

7- Sinceramente, você acha que há alguma possibilidade de a situação narrada no texto ocorrer na vida real? Por quê? 

8- Podemos afirmar que o texto é uma crônica? Por quê? 

9- Podemos afirmar que há ironia na passagem "Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo"? Explique

10- Existe no texto algum desvio gramatical? Se sim, copie e faça a devida adequação:

11- Como você se sentiria com alguém analisando o seu lixo? Comente: 

12- Encontre uma relação entre o sentido da palavra MULETA (dicionarizado) e o empregado na mesma palavra no texto (conotativo):​

Respostas

respondido por: marjorieeduarda81
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1- Responda qual trecho corresponde ao Argumento correto: Argumento de Autoridade; Argumento por Causa e Consequência; Argumento de Prova Concreta e

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