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Satélite
Um satélite é qualquer objeto que gira em torno de um corpo celeste pela ação da gravidade. Planetas e estrelas podem possuir vários satélites chamados “naturais”. A Lua, por exemplo, é um satélite que gira em torno da Terra. Dizemos que a Lua é um satélite natural, pois está em órbita ao redor da Terra e teve sua origem de forma natural, sem relação com a ação humana. Além dos satélites naturais, há, também, os artificiais, que são aqueles construídos e colocados em órbita pela ação humana. Assim, quando falamos em satélites do ponto de vista de tecnologia, estamos nos referindo aos satélites artificiais.
Satélites artificiais são dispositivos complexos projetados e construídos para funcionar no espaço que circunda a Terra. Para serem úteis, satélites dispõem de uma infraestrutura obrigatória de serviços imprescindíveis ao seu funcionamento. Esses serviços incluem comunicação de dados, fornecimento de energia, provimento de posição e outras funções customizadas. Já o termo “engenho espacial” refere-se genericamente a dispositivos que podem ter uma variedade de funções e missões. Pode se referir, por exemplo, a dispositivos especialmente projetados para visitar outros corpos celestes.
A principal orientação usada para se projetar um satélite é a definição da sua missão. É a partir dela que todos os outros ingredientes – requisitos, funcionalidade, tipo de órbita, tempo de vida, etc. – serão definidos. Satélites artificiais têm uma variedade grande de missões.
Uma relação dos objetos espaciais brasileiros pode ser acessada aqui.
Nanossatélite
Nanossatélite é o termo usado para designar um tipo de pequeno satélite com missões específicas para o seu tamanho. De forma geral um “pequeno satélite” é um dispositivo com menos de 500 kg de massa. Grandes satélites podem ter mais de 1000 kg de massa. Nas classificações mais modernas, satélites de 1 a 10 kg são chamados “nanossatélites”. A miniaturização crescente de circuitos integrados, bem como a padronização das estruturas de integração de satélites a lançadores permitiu também a redução no tamanho dos satélites.
Nanossatélites fazem parte de uma nova iniciativa na área espacial conhecida como “Novo Espaço”. Nessa iniciativa, os custos de lançamento são bastante reduzidos pela miniaturização. Como são pequenos, vários nanossatélites podem ser lançados simultaneamente, o que reduz o custo de lançamento por satélite. A possibilidade de se lançar vários nanossatélites para um mesmo fim reduz também o risco de falha de operação em órbita por causa da redundância (a falha em um satélite dessa “constelação de nanossatélites” é compensada por outro integrante da constelação).
Nanossatélites são especialmente usados em atividades de ensino de ciências aeroespaciais, já que permitem a estudantes dessa disciplina experimentarem um ciclo completo de uma missão espacial, ou seja, a caracterização, levantamento de requisito, construção, integração, lançamento e operação de um engenho espacial. Missões de nanossatélites têm grande parte do ciclo de vida reduzido já que usam componentes comerciais. A padronização obtida com um tipo especial de nanossatélite, o CubeSat (com dimensão em múltiplos do volume 10×10×11,35 cm), que tem esse nome por causa de seu formato cúbico, permitiu também reduções drásticas nos custos. Dessa forma, o exercício de uma missão com um ou vários nanossatélites torna-se uma tarefa mais de integração do que de desenvolvimento, embora componentes em desenvolvimento possam ser adicionados às unidades de nanossatélites. É importante considerar também que a miniaturização impõe limites às funções finais de um satélite, ou seja, satélites “grandes” continuarão a existir para realizar funções específicas.
Em 2015, a Agência Espacial Brasileira (AEB) coordenou o lançamento do nanossatélite Serpens, acrônimo para Sistema Espacial para Realização de Pesquisa e Experimentos com Nanossatélites. Desenvolvido por meio de um consórcio acadêmico, a primeira missão Serpens contou com a participação da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto Federal Fluminense (IFF), além de outros parceiros estrangeiros como a Universidade de Vigo (Espanha), a Sapienza Università di Roma (Itália) e as norte-americanas Morehead State University e California State Polytechnic University. O Serpens foi transportado para a Estação Espacial Internacional (ISS) pelo veículo japonês de abastecimento HTV5, tendo sido lançado em 24 de agosto de 2015. Sinais do Serpens em VHF foram captados em território brasileiro por diversos rádio amadores.
Outras iniciativas no Brasil para lançamento de nanossatélites são o UbatubaSat, Nanosat-BR, AESP-14 e o ITASat. A missão Serpens deu origem a uma série de futuras missões que estão definidas na Plataforma Espaço, Educação e Tecnologia (E2T).