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Resposta:
Os autores conduziram o presente estudo no Hospital Zhongnan da Universidade de Wuhan, China. Conforme salientado por este grupo de pesquisadores, há escassez de estudos envolvendo necropsias de pacientes falecidos por COVID-19. Por isso, foram realizadas core biópsias post mortem de fígado, pulmões e coração em 4 pacientes com diagnóstico de COVID 19 que tiveram desfechos fatais. As principais observações foram:
Os 4 pacientes falecidos (idades entre 59 e 81 anos) eram portadores de comorbidades, sendo que cada um apresentava ao menos uma das seguintes condições: leucemia linfocítica crônica (LLC), rim transplantado, cirrose, hipertensão e diabetes.
Todos os pacientes apresentavam pneumonia bilateral caracterizadas tomograficamente por infiltrados em vidro fosco. Nas avaliações por imagens próximas aos óbitos consolidações passaram a ser visualizadas.
As imagens em vidro fosco na tomografia de tórax representam a fase exsudativa inicial da pneumonia pela COVID-19.
Aspecto comum a todos os pacientes foram as manifestações de dano alveolar difuso. Alterações relacionadas a este diagnóstico histopatológico se basearam no encontro de membrana hialina, exsudatos com fibrina, lesão epitelial e hiperplasia de pneumócitos tipo II. No caso com danos mais avançados detectou-se hemorragia alveolar, necrose fibrinóide em pequenos vasos, além de sinais inflamatórios sugestivos de broncopneumonia bacteriana associada.
A pesquisa de coronavírus por RT-PCR foi positiva em alguns pacientes no coração, fígado e pulmão, não obrigatoriamente encontrada de forma simultânea.
Core biópsia do coração foi obtida somente em dois pacientes, tendo sido encontrada discreta fibrose focal e leve hipertrofia miocárdica, achados possivelmente ocasionados pelas doenças de base.
O fígado apresentou dilatação sinusoidal leve, achado inespecífico em pacientes gravemente enfermos nos estados terminais. Demais alterações foram atribuídas às doenças prévias de cada caso.
Os autores concluíram que o achado pulmonar principal é dano alveolar difuso, sem fibrose pulmonar nos casos analisados. E que novos estudos com maior número de pacientes são necessários para o alcance de entendimento mais amplo sobre a patogênese da COVID-19.
Resposta:A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 30 de janeiro de 2020, que o surto da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional – o mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional. Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia.
Foram confirmados no mundo 4.248.389 casos de COVID-19 (77.965 novos em relação ao dia anterior) e 294.046 mortes (6.647 novas em relação ao dia anterior) até 14 de maio de 2020.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a OMS estão prestando apoio técnico ao Brasil e outros países, na preparação e resposta ao surto de COVID-19.
As medidas de proteção são as mesmas utilizadas para prevenir doenças respiratórias, como: se uma pessoa tiver febre, tosse e dificuldade de respirar, deve procurar atendimento médico assim que possível e compartilhar o histórico de viagens com o profissional de saúde; lavar as mãos com água e sabão ou com desinfetantes para mãos à base de álcool; ao tossir ou espirrar, cobrir a boca e o nariz com o cotovelo flexionado ou com um lenço – em seguida, jogar fora o lenço e higienizar as mãos.
Os coronavírus são a segunda principal causa do resfriado comum (após rinovírus) e, até as últimas décadas, raramente causavam doenças mais graves em humanos do que o resfriado comum.
Há sete coronavírus humanos (HCoVs) conhecidos, entre eles o SARS-COV (que causa síndrome respiratória aguda grave), o MERS-COV (síndrome respiratória do Oriente Médio) e o SARS-CoV-2 (vírus que causa a doença COVID-19).
A covid-19 poderia ser chamado o Vírus da Globalização. As regiões predominantemente afetadas são aquelas mais globalizadas, marcadas por intenso contato com o âmbito externo, como o eixo Ásia-EUA-Europa. Dentre estes, alguns países conseguiram controlar o avanço do contágio mais do que outros.
Por atingir o centro da economia global, a covid-19 recebeu significativa atenção. O G-20, clube das economias avançadas, se reuniu para decidir a injeção de cerca de 5 trilhões de dólares devido aos efeitos econômicos do lockdown da economia global. Entretanto, é importante frisar que a política internacional já vinha experimentando maior tensionamento do que há duas décadas. Fazem dois anos e meio que uma guerra comercial entre EUA e China se desenvolve. Em 2020, houve também a concretização do Brexit, saída do Reino Unido da União Europeia, processo iniciado em 2016
Os conflitos vêm sendo intensificados no Oriente Médio desde a Primavera Árabe, em 2010. Instabilidade política e institucional, seguida de manifestações sociais, também é registrada na América Latina, desde 2013. Momentos antes da quarentena nos atingir, presenciamos queda global das bolsas com a desvalorização do petróleo.
A covid-19 seria, então, a consolidação do fim do mundo globalizado, tal como conhecemos desde o fim da Guerra Fria no início dos anos 1990? Ainda é cedo para afirmar. Como em 1929, é um momento de crise profunda e estrutural. Nas crises, as fragilidades são expostas e as potencialidades testadas. É assim com um indivíduo, uma família, uma empresa e com um país. Há disputa pelas melhores soluções para superá-las. Surge espaço para reacomodação de novas lideranças. A crise pandêmica que vivemos não se resume à própria contaminação, mas à forma de como se equilibra a balança de poder global.
A pandemia acentuou um problema de saturação econômica que tinha duas correntes em disputa para superá-la. A primeira, liderada por Trump, é uma perspectiva mais conservadora e isolacionista. Os EUA se retiram da posição de avalista de organizações internacionais como a OMC e a própria ONU, em coerência ao slogan do presidente, “América Primeiro”. A outra linha, mais próxima aos Democratas estadunidenses e à União Europeia, seria mais liberal em prol da integração e interdependência econômica, ou seja, da globalização.
Estas são linhas que polarizam hoje o Ocidente, onde o consenso da era de ouro da globalização já não existe mais. A China, com a maior população do mundo e de cultura milenar regida por um governo de único partido, surfou na onda liberal dos anos 1990. Aproveitou da melhor forma a integração econômica e vem reduzindo, relativamente, o poder tanto dos EUA quanto da Europa. A linha que os EUA adotarão para os próximos quatro anos será definida nas eleições em novembro. Daqui até lá, o mundo está de quarentena.
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