5 frases ditas na primeira guerra mundial ? URGENTE
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Explicação:
“Só os mortos conhecem o fim da guerra”, atribuída a Platão
O culpado: o comandante militar norte-americano Douglas MacArthur, filho de um dos grandes heróis da Guerra da Secessão.
(Superinteressante/Superinteressante)
Em um discurso nos anos 60, o militar atribuiu a frase a Platão. No entanto, as palavras foram escritas pelo filósofo, poeta e ensaísta espanhol George Santayana no livro “Solilóquios na Inglaterra”, de 1922. Pouco após o fim da Primeira Guerra Mundial, Santayana escreveu: “E os pobres coitados acham que estão a salvo! Eles acham que a guerra acabou! Apenas os mortos viram o fim da guerra”. Nada a ver com o o filósofo grego. “A frase não me parece nem vagamente adequada à expressão das principais ideias do discípulo de Sócrates”, diz Gianpaolo Dorigo.
2. “Creio porque é absurdo”, atribuída a Santo Agostinho
O culpado: a mania de tentar resumir o pensamento dos filósofos em uma frase.
(Arte/Superinteressante)
Antes de ser colocada na boca de Agostinho de Hipona, a frase havia sido atribuída a Tertuliano, autor romano das primeiras fases do Cristianismo. Esse caso curioso de reatribuição de citação tem a ver com a valorização da fé expressa pelos dois pensadores cristãos, que declaravam crer em coisas que parecem incríveis, como a ressurreição de Cristo. O problema é que tentaram resumir as ideias de ambos através de uma sentença curta que não aparece explicitamente nas obras de nenhum deles. O mais próximo que Tertuliano chegou disso foi quando disse “E o Filho de Deus morreu, o que é crível justamente por ser inepto; e ressuscitou do sepulcro, o que é certo porque é impossível”.
3. “Deus está morto”, atribuída a Nietzsche
O culpado: a descontextualização.
(Arte/Superinteressante)
Aqui, o problema não é a frase, mas o conceito atribuído a Nietzsche. Ele de fato diz isso: a frase apareceu pela primeira vez em “A gaia ciência” e está também em sua famosa obra “Assim falou Zaratustra”. Mas as palavras têm sido muito mal-interpretadas. Nietzsche não se referia à morte literal de Deus nem à morte de Jesus Cristo, e essa não era uma simples declaração de ateísmo. Logo em seguida, o filósofo completa: “Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós!”. Ele queria dizer que a humanidade havia deixado de ter Deus como força ordenadora do mundo e fonte de valores. Com a morte de Deus, ele metaforiza a morte dos valores sagrados para os homens. Assim, eles deixariam de crer em quaisquer valores impostos.
Esse tipo de mal-entendido é comum quando se fala em Nietzsche. “O seu hábito de efetivamente utilizar máximas e aforismos agressivos em seus livros acabou por transformá-lo em um pensador muito citado e pouco compreendido”, explica Gianpaolo. “E suas máximas, mesmo quando citadas corretamente, muitas vezes se perdem: o que para o pensador alemão era sobretudo uma provocação, para muitos se torna uma verdade incontestável e guia para a vida, no mais puro e estilo autoajuda”, completa.
4. “Os fins justificam os meios”, atribuída a Maquiavel
O culpado: a tentativa de simplificar a ideia de “O Príncipe”.
(Arte/Superinteressante)
A mais famosa frase atribuída a Nicolau Maquiavel nunca foi dita por ele. Segundo o professor Gianpaolo, trata-se de uma tentativa de condensar a ideia de sua obra “O Príncipe”, em especial do capítulo 18, em que aparecem os trechos: “…um príncipe (…) não pode observar todas as coisas pelas quais os homens são chamados de bons, precisando muitas vezes, para preservar o Estado, operar contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião”. Aqui, “preservar o Estado” refere-se aos fins e “operar contra a caridade etc…” é interpretado como utilizar quaisquer meios. No mesmo capítulo, Maquiavel ainda diz: “nas ações de todos os homens, especialmente nas dos príncipes, quando não há juiz a quem apelar, o que vale é o resultado final”. É uma simplificação bem empobrecedora.
5. “Se Deus não existe, tudo é permitido”, atribuída a Dostoiévski
O culpado: Jean-Paul Sartre.
(Arte/Superinteressante)
No texto “O existencialismo é um humanismo”, Sartre diz: “Dostoiévski escreveu: ‘Se Deus não existisse, tudo seria permitido’. Eis o ponto de partida do existencialismo”. O escritor russo de fato inspirou os existencialistas, mas ele nunca disse isso. O mais próximo disso, que está em “Os Irmãos Karamazov”, é: “[…] é permitido a todo indivíduo que tenha consciência da verdade regularizar sua vida como bem entender, de acordo com os novos princípios. Neste sentido, tudo é permitido […] Como Deus e a imortalidade não existem, é permitido ao homem novo tornar-se um homem-deus, seja ele o único no mundo a viver assim”.