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Açailândia é um estratégico centro exportador de trabalhadores braçais à Amazônia Paraense. O uso da força desses trabalhadores, de forma análoga à escravidão, é um dos gargalos que comprometem o desenvolvimento social e humano da região. O município é local de conflitos desde a chegada de projetos desenvolvimentistas de agronegócio, siderurgia e mineração, tais como a implantação do Projeto Grande Carajás, em 1980, que criou contradições socioeconômicas e ambientais, além de ter provocado um agudo êxodo rural na região. O município da Amazônia Maranhense fez parte das pesquisas de Fagno Soares, da Universidade de São Paulo. Sua tese traça a narrativa dos trabalhadores rurais do Maranhão que trabalham como escravos Amazônia. Durante quatro anos o ele se dedicou a investigar a vida de trabalhadores escravizados no campo, o que resultou na pesquisa “Escravos na Amazônia: geografando histórias de trabalhadores rurais do Maranhão no Pará”, que busca compreender o processo de escravização contemporânea na fronteira entre os dois estados. A exploração de minérios que tomou a região da Serra dos Carajás atraiu muitos trabalhadores para a região, vindos de diversas partes do País. “Eles se refugiaram em espaços periféricos de Açailândia, sem a menor infraestrutura de moradia e despreparados para o novo mundo do trabalho do qual sequer conseguiam ser inseridos”, explica. “Restou a estas classes subalternizadas migrarem para o Estado do Pará, um processo migratório herdado, pois muitos aprenderam com seus pais que o Pará era uma terra de oportunidades, um eldorado do trabalho, uma vida de peregrinação em busca da sobrevivência de suas famílias, através da migração forçada”, comenta Fagno. A pesquisa também traçou um perfil dos trabalhadores rurais escravizados. “São, em sua maioria, homens, negros, pardos, analfabetos, semianalfabetos, analfabetos funcionais, sem qualquer qualificação profissional para o mundo do trabalho urbano”, aponta. O estudo foi feito através de entrevistas com trabalhadores de Açailândia, Maranhão, estado recordista em conflitos de terra. Através das narrativas dos entrevistados, foi feito um mapeamento e uma análise do que é a vida do migrante daquela região, que precisa se deslocar a fim de buscar trabalho para o sustento próprio. Fagno explica que sua tentativa foi romper com uma visão homogeneizada do que são a migração e o migrante.
Condições de trabalho
“A expressão trabalho escravo contemporâneo, é ainda conceitualmente frágil para dar conta de toda complexidade socioeconômica e histórica, que envolve o tema, daí os embates e disputas conceituais tão prementes”, explica Fagno.“Defendemos, pois, a noção de trabalho escravo, enquanto escolha político-militante, por entender que nossos narradores assim são tratados na Amazônia”, explica Fagno. O pesquisador aponta que é resultado da combinação de vários elementos que não envolvem apenas o trabalho degradante com privação da liberdade. Sua observação, tendo como localidade central o município de Açailândia, mostrou que outros fatores estão em jogo. “Isolamento geográfico, retenção de documentos e salário, servidão por dívida, vigilância armada, maus tratos, punições por fugas, violência física e/ou psicológica e até assassinatos, tais características apareceram nas narrativas de nossos sujeitos históricos e geográficos”, explica Fagno. “Se constitui como uma atividade laboral degradante que envolve cerceamento da liberdade, por meio de uma dívida, aliado a péssimas condições de trabalho, alojamento, saneamento, alimentação e saúde.”Segundo ele, estima-se que existem entre 25 a 40 mil trabalhadores rurais vivendo em regime de escravidão no campo. “Principalmente no Pará, Mato Grosso, Maranhão, e Tocantins, configurando a cartografia da exploração do homem pelo homem”, acrescenta Fagno. Carvoarias, garimpos, fazendas, na produção de carvão para siderurgia, na produção de cana-de-açúcar, de algodão, de grãos, de erva-mate, pecuária bovina e desmatamento, são alguns exemplos usados pelo pesquisador.Fagno cita o tardio reconhecimento do trabalho escravo no Brasil, aconteceu somente em 1995, quando o País reconheceu oficialmente junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Lastimavelmente o estado do Maranhão é o maior exportador de trabalhadores escravizados no Pará”, comenta.
COSTANTI, Giovanna. Trabalhadores rurais do Maranhão são escravizados no Pará, constata pesquisa. AUN - Agência Universitária de Notícias. 15 ago. 2018.
Disponível em: Acesso em: 18 maio 2020.
1. Segundo o texto, quantas pessoas estão vivendo em situação de escravidão no campo?
2, Como é o perfil dos trabalhadores rurais escravizados?
Respostas
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Resposta:
1: Segundo ele, estima-se que existem entre 25 a 40 mil trabalhadores rurais vivendo em regime de escravidão no campo.
2: A pesquisa também traçou um perfil dos trabalhadores rurais escravizados. “São, em sua maioria, homens, negros, pardos, analfabetos, semianalfabetos, analfabetos funcionais, sem qualquer qualificação profissional para o mundo do trabalho urbano”.
Explicação:
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