• Matéria: Português
  • Autor: jonathasantosportes
  • Perguntado 6 anos atrás

Leia o fragmento abaixo para responder a questão.



Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.



(COLASANTI, Marina. A moça tecelã. São Paulo: Global, 2004. (fragmento).)







Considerando o uso do PORQUE em "Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar", é possível afirmar que

A)
o homem logo se esqueceu de ter filhos porque tinha descoberto o poder do tear.

B)
o homem pensou em tudo que o tear poderia lhe dar porque tinha descoberto o poder do tear.

C)
o homem em nada mais pensou porque tinha descoberto o poder do tear.

D)
o homem tinha pensado em filhos porque tinha descoberto o poder do tear.

E)
o homem não pensou em nada mais a não ser nas coisas que o tear podia lhe dar porque tinha descoberto o poder do tear.

Respostas

respondido por: arthur75759
7

Resposta:

eae conseguiu a resposta ?

Explicação:


jonathasantosportes: ainda nao
respondido por: eudinholima
4

Resposta:

A Resposta é a (E)

Explicação:

E)

o homem não pensou em nada mais a não ser nas coisas que o tear podia lhe dar porque tinha descoberto o poder do tear.

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