Respostas
Resposta:
A historiografia do Renascimento é uma historiografia “eurocentrica”, que
caracteriza como desigualdade as diferenças entre a Península Ibérica – que não
teria passado ainda para a “modernidade” –, em relação à Europa setentrional.
Portanto, há uma
“Necessidade de se confrontar o que se definiu como modelo
de Renascimento – o italiano – com outras realidades européias e
extra-européias, e as respostas conseqüentes são as de que as outras
formações sociais a imitaram, copiaram ou traduziram, e sempre de
modo a representar um ponto a menos do que foi o esplendor
moderno da Itália. Só recentemente evoluiu-se para a proposição de
inclusão do dado da heterogeneidade da cultura renascentista em
sua expressão européia e italiana em tempos e ritmos variados”. 1
Mas se Portugal e Espanha eram tão atrasados em relação ao resto da
Europa, como foi possível a descoberta da América pelos espanhóis, e,
principalmente, da rota marítima do Ocidente para o Oriente, circunavegando a
África, e a descoberta do Brasil, pelos portugueses? Portanto, afirmar que a Idade
Moderna se iniciou com a “(re)descoberta” da Antiguidade Greco-Romana pelo
Renascimento artístico e cultural italiano é “(en)cobrir” as descobertas ibéricas
marítimas em Ásia, África e América através dos oceanos Atlântico e Índico nos
séculos XV e XVI, que Antero de Quental denominou de uma “primeira
modernidade” ou de um “primeiro Renascimento” ibérico.
“Em nada disso se mostrou a Península inferior às grandes
nações cultas, que haviam recebido a herança da civilização
romana. Demos à Escola filósofos como Raimundo Lúlio, à Igreja,
teólogos e papas, um destes português, João XXI. As escolas de
Coimbra e Salamanca tinham uma celebridade européia. Entre os
primeiros homens do século XII está um monarca espanhol,
Afonso, o Sábio. A reforma da Escolástica, nos séculos XIII e XIV,
foi obra quase exclusiva das escolas árabes e judaicas de Espanha.
Para opor aos Ciclos épicos da Távola Redonda, de Carlos Magno e