Poucas coisas são mais deliciosas do que mergulhar num bom livro, que conte uma história (com princípio, meio e fim), envolvendo-nos a ponto de nos fazer esquecer da vida. De preferência um livro bem antigo, escrito por exemplo no século XIX, século que por alguma razão foi pródigo em histórias dotadas desse dom mágico de fazer desaparecer o mundo à nossa volta. Pode ser um romance arrebatador, que nos faça chorar mas tenha um final feliz, ou – melhor ainda – um bom livro de aventura.
No caso dos livros de aventura, a sensação de arrebatamento tende a ser maior do que nos romances, já que neles a história nos carrega para uma terra distante, cheia de sustos, perigos e delícias, uma terra formada por ilhas desertas, mares de temporal, pântanos e selvas inóspitas, uma terra habitada por piratas, povos selvagens ou civilizações ancestrais.
São livros assim que compõem esta coleção. Em todos, você será convidado a embarcar num navio e a se meter numa aventura, mesmo que às vezes tudo aconteça meio sem querer. O palco da história pode ser uma ilha deserta, a selva africana ou uma região remota da Ásia Central, e talvez você se veja correndo atrás de algum objetivo, que tanto pode ser um tesouro como uma mulher – ou mesmo apenas um sonho.
Dois dos livros que compõem a coleção – Viagens de Gulliver e Robinson CrusoŽ – foram escritos bem antes do século XIX, sendo portanto precursores do gênero. Os demais – Ela, Ayesha, Moonfleet e A ilha do tesouro – são todos de autores que viveram a maior parte de suas vidas nos anos 1800, embora Ayesha, o caçula da coleção, já tenha sido publicado no comecinho do século XX (1905).
Além obviamente de contar aventuras, os seis livros têm outra coisa em comum: todos foram escritos por autores britânicos. Talvez o clima da Grã-Bretanha tivesse um efeito especial sobre a cabeça das pessoas, fazendo-as escrever livros assim.
Fossem renomados aventureiros como Rider Haggard ou homens que passaram boa parte da vida doentes, em cima de uma cama, como Stevenson (ainda que nem por isso deixasse de viajar). O fato é que os britânicos são, tradicionalmente, grandes contadores de histórias, e não estamos falando só de livros de aventura, mas também de alguns dos maiores romances jamais escritos.
Muito se tem discutido a propósito da real “qualidade” literária dos livros de aventura, quase sempre considerados pelas pessoas sérias como um gênero menor. Swift e Stevenson são reconhecidos como autores geniais, mas Defoe nem tanto (o próprio Swift o desprezava).
Quanto a Rider Haggard e Falkner (obviamente não confundir com William Faulkner), são escritores de pouquíssimo reconhecimento, sendo quase sempre ignorados nas enciclopédias de literatura. Mas, e se essas enciclopédias estiverem cometendo uma injustiça?
Se essa discussão sobre a real qualidade literária de certas obras é inútil e inócua, uma coisa não se pode negar: os escritores de aventura parecem ter vindo ao mundo com o objetivo de nos fazer felizes, de nos dar prazer – e isso não é pouco. Eles merecem nossa gratidão eterna.
SEIXAS, Heloisa. In: STEVENSON, Robert Louis. A ilha do tesouro. Rio de Janeiro: Record, 2004. Orelhas. (Clássicos de Aventura).
Assinale a alternativa que apresenta uma opinião da autora da resenha (Texto 1):
A
Os demais – Ela, Ayesha, Moonfleet e A ilha do tesouro – são todos de autores que viveram a maior parte de suas vidas nos anos 1800, embora Ayesha, o caçula da coleção, já tenha sido publicado no comecinho do século XX (1905).
B
Talvez o clima da Grã-Bretanha tivesse um efeito especial sobre a cabeça das pessoas, fazendo-as escrever livros assim.
C
Muito se tem discutido a propósito da real “qualidade” literária dos livros de aventura, quase sempre considerados pelas pessoas sérias como um gênero menor.
D
Dois dos livros que compõem a coleção – Viagens de Gulliver e Robinson Crusoé – foram escritos bem antes do século XIX, sendo portanto precursores do gênero
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Resposta:
recebi a mesma pergunta ksksk
eu coloquei a alternativa C
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