Escolhendo me, escolho o homem
Se realmente a existência precede a essência, o homem é responsável pelo que é. Desse
modo, o primeiro passo do existencialismo é de pôr todo o homem na posse do que ele é, de
submetê-lo a responsabilidade total de sua existência. Assim, quando dizemos que o homem é
responsável por si mesmo, não queremos dizer que o homem é apenas responsável pela sua
estrita individualidade, mas que ele é responsável por todos os homens. A palavra
subjetivismo tem dois significados, e os nossos adversários aproveitaram desse duplo sentido.
Subjetivismo significa, por um lado, escolha de sujeito individual por si próprio e, por outro
lado, impossibilidade em que o homem se encontra de transpor os limites da subjetividade
humana. É esse segundo significado que constitui o sentido profundo do existencialismo. Ao
afirmarmos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de nós se
escolhe, mas queremos dizer também que, escolhendo-se ele escolhe todos os homens. De
fato, não há um único de nossos atos que, criando o homem que queremos ser, não esteja
criando, uma imagem do homem tal como julgamos que ela deva ser. Escolher ser isso ou
aquilo é afirmar, concomitantemente, o valor do que estamos escolhendo, pois não podemos
nunca escolher o mal; o que escolhemos é sempre o bem e nada pode ser bom para nós sem
ser para todos. Si, por outro lado, a existência preceda a essência, e se nós queremos existir
ao mesmo tempo que mudamos nossa imagem, essa imagem é válida para todos e para toda a
nossa época. Portanto, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, pois
ela engaja a humanidade inteira. Se eu sou um operário e se escolho aderir a um sindicato
Cristão em vez de ser comunista, e se, por essa adesão , quero significar que a resignação é, no
fundo, a solução mais adequada ao homem, que o eino do homem não é sobre a terra, não
estou apenas engajando a mim mesmo: quero resignar-me por todos e, portanto, a minha
decisão engaja toda a humanidade. Numa dimensão mais individual, se quero casar-me, ter
filhos, ainda que esse casamento dependa exclusivamente da minha situação, ou de minha
paixão, ou de meu desejo, escolhendo o casamento estou engajando não apenas a mim
mesmo, mas a toda a humanidade, na trilha da monogamia. Sou, desse modo, responsável por
mim mesmo e por todos e crio determinada imagem do homem por mim mesmo escolhido;
por outras palavras: escolhendo-me, escolho o homem.
SARTRE. Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo.
*QUESTIONÁRIO*
1.Explique o significado da afirmação: “a existência precede a essência”.
2.O que significa afirmar que o ser humano escolhe-se a si mesmo?
3. Explique por quê, segundo Sartre, quando fazemos uma escolha, estamos envolvendo a
humanidade inteira nessa escolha.
Respostas
1- seria sim porque a existência não tem porque e sim pergunta por isso a vida e cheia de dúvidas
2-O ser humano não escolhe ser ou não ser quem dependeu da escolha foi Deus
3-Mais ou menos ele está falando se a vida e só uma escolha pela humanidade ou por vc mesma na verdade e a questão para todos da humanidade
Resposta:
1- Para Sartre, nós somos os únicos seres em que a existência precede a essência, pois existimos primeiro, depois vamos descobrindo nossa essência.
2-O ser humano não nasce definido, ele define quem ele vai ser à partir de suas escolhas.
3-"(...)se, por essa adesão, quero significar que a resignação é, no fundo, a solução mais adequada ao homem, que o reino do homem não é sobre a terra, não estou apenas engajando a mim mesmo: quero resignar-me por todos e, portanto, a minha decisão engaja toda a humanidade." Todas as escolhas que fazemos serão refletidas na humanidade, mesmo que essas escolhas sejam para nós mesmos, pois achamos que aquilo é o correto a se fazer e outras pessoas também o farão.
Explicação:
Qualquer coisa, é só comentar.