1- No texto lido, há palavras que podem causar estranheza ao significado. Anote as expressões cujos significados você desconhece. Que tal tentar descobrir, observando os períodos/frases em que elas aparecem? Caso não seja possível descobrir os significados, consulte o dicionário físico ou online.
2-
a. Releia esse trecho: “Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as — boas tardes! — ao dono da casa, agüentei um tiro seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!” Esse trecho se refere a uma das falas do narrador-personagem. Como pode ser caracterizada essa personagem, a partir da linguagem utilizada por ela?
b. Pelas características da personagem que narra a história, em que lugar do Brasil se passam os fatos narrados? Justifique.
c. Que palavras ou expressões do texto permitem chegar à conclusão de que “cusco brasino” se refere a esse animal? Como o animal é descrito?
3 Vamos analisar os elementos que constituem a estrutura do conto?
a. Lugar:
b. Tempo:
c. Personagens:
d. Narrador:
e. Enredo:
- Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viajava de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância da Coronilha, onde devia pousar.
Parece que foi ontem!... Era por fevereiro; eu vinha abombado da troteada.
- Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato, que está nos vendo, na beira do passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda.
Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira... e fui-me à água que nem capincho!
Debaixo da barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei umas braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.
E solito e no silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei.
Daquela vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de braça e meia de sol.
- Ah!...esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco mui esperto e boa vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-me para acompanhar-me, e depois de sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira dos arreios.
Por sinal que uma noite...
Mas isto é outra cousa; vamos ao caso.
Durante a troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e corria pra trás, e olhava-me, olhava-me, e latia de novo e troteava um pouco sobre o rastro; - parecia que o bichinho estava me chamando!... Mas como eu ia, ele tornava a alcançar-me, para daí a pouco recomeçar.
- Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as - boas-tardes! - ao dono da casa, agüentei um tirão seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!
Tinha perdido trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia levantar.
E logo passou-me pelos olhos um clarão de cegar, depois uns coriscos tirante a roxo... depois tudo me ficou cinzento, para escuro...
Eu era mui pobre - e ainda hoje, é como vancê sabe... - ; estava começando a vida, e o dinheiro era do meu patrão, um charqueador, sujeito de contas mui limpas e brabo como uma manga de pedras...
Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:
- Então patrício? está doente?
- Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi uma dinheirama do meu patrão...
- A la fresca!...
- É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...
- É uma dos diabos, é...; mas não se acoquine, homem!
Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...
Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.
Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes que outros andantes passassem.
Respostas
Resposta:
1- Troteada=Viagem longa, a trote(cavalo) Guaiaca=Cinto largo de couro ou de camurça, serve para guardar dinheiro, armas, etc. Sesteada=lugar no campo onde comem o almoço e fazem a sesta (repouso depois do almoço). Capincho=Capivara Macho. Pelegos=Pele colocada sobre os arreios para tornar o assento mais confortável. Cancha=Pista preparada para corrida de cavalos, raia. Meia rédea= viagem feita às pressas.
2) a- A personagem era tropeira e morava no Rio Grande do Sul como se percebe claramente com o uso de suas expressões.
2) b- Na região sul, Rio Grande do Sul. Pelas palavras empregadas como sesteada, lombilho, capincho que demostram serem próprios dessa região.
2) c- Na frase: "Ah!...esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco mui esperto e boa vigia." É descrito como sendo muito esperto e um bom guarda.
3) a:Lugar: Rio Grande do sul
b: Tempo: Fevereiro
c: Personagens: Protagonista, cachorro, cavalo, patrão e o amigo
d: Narrador: Personagem
e: Enredo: A personagem viajava até uma Estância e levava consigo uma guaiaca com Trezentas Onças de ouro para o pagamento de gados que ia comprar para o seu patrão, mas acabou perdendo todo o dinheiro.
1) Algumas palavras que podem ser lidas e causar estranheza são estas:
- "sarandi": é uma espécie de planta.
- "tropeava": sinônimo de "estropear" ou cavalgar fazendo muito barulho.
- "capincho": sinônimo de capivara macho.
- "troteada": viagem longa.
- "guaiaca": cinto que serve para guardar apetrechos, como dinheiro e armas, por exemplo.
- "pelegos" : pele utilizada como assento confortável.
- "sesteada": lugar para repousar após o almoço.
- "cancha": pista de corrida de cavalos.
- "meia rédea": viagem realizada de forma repentina.
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2.
a) A personagem parece ser uma pessoa simples e moradora da região Sul do Brasil. Percebemos isso pela utilização das expressões regionalistas.
b) Pelas características indicadas pela narradora, os fatos ocorrem na região Sul. Isso é percebido pela linguagem utilizada pela personagem.
c) Na frase: "Ah!...esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco mui esperto e boa vigia" percebemos que “cusco brasino” se refere a esse animal. Dessa maneira, o animal é considerado como muito esperto e um bom de guarda.
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3)
a) Lugar: É onde ocorrem os fatos. No texto, o espaço narrativo é a Região Sul do Brasil.
b) Tempo: É quando ocorrem os fatos. No texto, as ações ocorrem em um mês de fevereiro.
c) Personagens: Quem participa da história. No texto, estes são os personagens: a narradora, que é personagem, o cachorro, o cavalo, o patrão e o amigo.
d) Narrador: Personagem. Dessa forma, participa da história (é em primeira pessoa.)
e) Enredo: O narrador, que é personagem, viajava com dinheiro, mas acabou perdendo tudo.
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BONS ESTUDOS!
