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Resposta:
Em sua obra, os Diálogos, há a encenação dramática entre vários discursos, que se pretendem verdadeiros: sejam os discursos relativistas dos sofistas, sejam os filosóficos ou a procura de definições de Sócrates (bem como também daqueles que expõem com mais ou menos simplicidade e/ou dificuldades aquilo que pensam), há uma trama sensível de posições que entram em combate, em conflito direto. Mostração, demonstração e refutação; alegorias, mitos, matemática, imagética, são formas discursivas que tentam fazer ver algo, fazer aparecer algo.
Entretanto, esse algo nunca é dito diretamente da boca de Platão. Ele, enquanto autor dos diálogos, não se imiscui na cena dramática ou quando o faz é de forma irrelevante para o contexto. É Sócrates ou Górgias, ou Cálicles, ou Teeteto, ou o Estrangeiro, etc., que falam. Todos correspondem a uma intenção determinada do autor.
Devemos, portanto, fazer uma suspensão metodológica da tradição platônica para ler os diálogos com maior clareza e desta procurar saber se é possível ou não extrair uma filosofia propriamente dita platônica, concebendo Platão primeiro como autor para saber se pode ser também um filósofo e em que condições isto se dá.
Resposta:
Os fatos (sobre a reprodução das abelhas) ainda não foram suficientemente estabelecidos. Se um dia o forem, o crédito deverá ser dado à observação mais do que às teorias — e às teorias apenas na medida em que tiverem sido confirmadas pelos fatos observados.
Aristóteles, Da geração dos animais
A Terra está imóvel no centro do Universo. O cérebro serve para esfriar o sangue. Casais jovens têm filhos mais fracos. O olho se torna colorido ao enxergar a cor. Os objetos pesados caem mais depressa do que os leves. A mulher é por natureza inferior ao homem. O coração é o órgão da consciência. O autor de tais disparates é considerado o maior pensador que o gênero humano produziu em aproximadamente 2000 anos, se não em todos os tempos — e nessa avaliação não há nenhum disparate. Pois, apesar dos enormes enganos que propagou, ninguém como o filósofo grego Aristóteles pesquisou, refletiu, organizou o conhecimento e escreveu sobre tantos e tão diversos assuntos deste mundo.
A sua obra, um formidável empreendimento intelectual que se esparramou por quatro centenas de pergaminhos, é invariavelmente comparada a uma enciclopédia, a Britânica do século IV antes de Cristo. Nela, de fato, com esses ou outros nomes, se fala de Astronomia a Zoologia, passando por Biologia, Ética, Física, Lógica, Metafísica, Política e Teologia. Em suma, a vida e suas implicações devidamente catalogadas. Ainda assim, Aristóteles talvez valha menos pelo muito que pensou do que pelo modo com que pensou: ao ensinar, já então, que a verdade última de uma teoria deve ser buscada, não em pressupostos arbitrários, mas na observação dos fatos de que ela trata, e ao praticar diligentemente o que pregava, tornou-se para todos os efeitos o fundador de uma atividade que marcaria fundo o destino do homem — a ciência.