• Matéria: Geografia
  • Autor: lubrancao
  • Perguntado 5 anos atrás

Diante da leitura do excerto que segue, elabore uma defesa ou um parecer contrário à relação das políticas de cotas com a Antropologia. O texto deve conter os fundamentos para sua adesão ou não necessidade de política de cotas, tendo por base os argumentos de cunho antropológico.

"Na relação entre antropologia e educação abre-se um espaço para debate, reflexão e intervenção, que acolhe desde o contexto cultural da aprendizagem, os efeitos sobre a diferença cultural, racial, étnica e de gênero, até os sucessos e insucessos do sistema escolar em face de uma ordem social em mudança.

Nesse sentido, como ciência e, em particular, como ciência aplicada, antropologia e antropólogos estiveram, no passado e no presente, preocupados com o universo das diferenças e das práticas educativas. Se, como diz Galli, tais questões fazem convergir os estudos da cultura, no caso da antropologia, e dos mecanismos educativos, no caso da pedagogia, possibilitando a existência de uma antropologia da educação - tema e produto de uma grande conversa do passado -, isto também ocorre no presente, posto que a antropologia e a educação estabelecem um diálogo, do qual faz parte, também, o debate teórico e metodológico das chamadas pesquisas educativas, relacionadas às diversas e diferentes formas de vida que, neste final de século, estão ainda a desafiar o conhecimento.

Em jogo, as singularidades, as particularidades das sociedades humanas, de seus diferentes grupos em face da universalidade do social humano e sua complexidade através dos tempos e, em particular, num mundo que se globaliza. Resta, pois, conhecer um pouco dessa história. (GUSMÃO, 2012). De fato, compreender as causas de uma política educacional malsucedida ou o porquê de determinados grupos sociais possuírem rendimento escolar diferenciado que os coloca em condição inferior na disputa por uma vaga nas universidades públicas, é de suma importância para a Antropologia.

Questões como a formação cultural, diversidade étnica, entre outras devem ser muito bem conhecidas pelos educadores para que não se incorra no erro de se impor determinado modelo de educação formal, em detrimento das qualidades e condições pessoais de cada indivíduo, principalmente nos anos iniciais do ensino básico. Desconsiderar a formação cultural peculiar a cada grupo ou segmento social e impor-lhes uma educação formatada de acordo com os grupos sociais dominantes tem sido um dos maiores erros do processo educacional e que tem levado a altos índices de evasão, dificuldades de aprendizagem e ao final, como consequência, a natural dificuldade de ser aprovado nos concorridos processos de seleção das universidades públicas.

Aliás, a própria seleção é apresentada com um formato que desconsidera a diversidade cultural dos alunos egressos do Ensino Médio. Nesse sentido, citando apenas um dos aspectos dessa desconsideração do conhecimento e da cultura do aluno, Vieira, tratando da importância da antropologia da educação na formação de professores, destaca:Mas é verdade que o processo de ensino-aprendizagem na escola, com as suas metalinguagens, impõe-se hegemonicamente não só aos alunos de culturas com pouca proximidade com a escrita e leitura, e, também, às suas famílias, construindo, não só o insucesso e uma avaliação pela negativa, como também uma consciência de não ser capaz. Para subir os patamares da escada do saber escolar, a criança fica no dilema de se transformar em pouco escolarizado com poucas habilitações literárias ou reprovado, a via mais fácil para a sobrevivência do seu próprio eu cultural, e tantas vezes no seu próprio grupo doméstico, fugir da escola para trabalhar a terra, ou então, em se deixar e conseguir construir um oblato, o que implica a perda de sua memória e a adulteração da sua mente cultural. (VIEIRA, 2012).

O fato é que, em razão do desconhecimento das individualidades de cada aluno e dos aspectos antropológicos atinentes aos diversos grupos sociais, étnicos e raciais que compõem o universo da população escolar do ensino médio, o modelo de educação formal que se tem trabalhado direciona-se tão somente àqueles setores sociais da população, que, coincidentemente, são aqueles mais favorecidos por esse processo educacional ao longo da história do ensino no Brasil. Assim, se esse processo já é construído, e desde os ensinos fundamental e médio, é direcionado a excluir determinadas formações culturais e a beneficiar outras, a consequência lógica é que, também, em um concurso vestibular ou outra forma de seleção qualquer, que tem por base avaliar exatamente esse processo excludente, apenas aqueles anteriormente beneficiados obterão sucesso​

Respostas

respondido por: debcosta23
95

Resposta:

A política de cotas deve ser levada em consideração, uma vez que uma breve passada de olhos pela nossa história recente, tendo como base estudos de antropologia social, comprova que nossa população tem uma diferença enorme na sua construção. Desde a sua própria formação, determinadas pessoas estão ausentes do acompanhamento estatal, e isso acaba por criar um fosso imenso que, de alguma maneira, pode ser minorado com essa política.

Assim, não trata-se apenas como querem muitos de auferimento de méritos para o acesso à universidade, qualquer estudo antropológico que dê conta da diversidade em nosso país pode perceber que há distorções na formação básica, bem como, de feição subjetiva, ou seja, há mundos que não se intercambiam dentro de uma sociedade ainda eivada de preconceitos, por isso mesmo, faz-se necessário estudos dessa importância para que torne evidente que a questão das cotas procura, de alguma maneira, colocar em rota de multiculturalismo aquilo que até então fora conduzido sempre como cultura de dominação.

Entender a estrutura antropológica de formação do povo, necessariamente contribui para a identificação das brechas deixadas por um histórico de colonização sobremaneira, do pensamento. A formação de qualidade como privilégio de uma determinada classe tornou as universidades singulares, deixando a riqueza da pluralidade de fora delas. Um local no qual o ensino se quer universal, não pode apenas ter ouvidos e vozes de apenas uma cor e região.

respondido por: natalia123alves
29

Resposta:

Explicação:

A política de cotas deve ser levada em consideração, uma vez que uma breve passada de olhos pela nossa história recente, tendo como base estudos de antropologia social, comprova que nossa população tem uma diferença enorme na sua construção. Desde a sua própria formação, determinadas pessoas estão ausentes do acompanhamento estatal, e isso acaba por criar um fosso imenso que, de alguma maneira, pode ser minorado com essa política.

Assim, não trata-se apenas como querem muitos de auferimento de méritos para o acesso à universidade, qualquer estudo antropológico que dê conta da diversidade em nosso país pode perceber que há distorções na formação básica, bem como, de feição subjetiva, ou seja, há mundos que não se intercambiam dentro de uma sociedade ainda eivada de preconceitos, por isso mesmo, faz-se necessário estudos dessa importância para que torne evidente que a questão das cotas procura, de alguma maneira, colocar em rota de multiculturalismo aquilo que até então fora conduzido sempre como cultura de dominação.

Entender a estrutura antropológica de formação do povo, necessariamente contribui para a identificação das brechas deixadas por um histórico de colonização sobremaneira, do pensamento. A formação de qualidade como privilégio de uma determinada classe tornou as universidades singulares, deixando a riqueza da pluralidade de fora delas. Um local no qual o ensino se quer universal, não pode apenas ter ouvidos e vozes de apenas uma cor e região.

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