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ExplicaçãoA atividade garimpeira é vista como degradadora do meio ambiente e do recurso mineral, por ser predatória e rudimentar, além de não dispor de um planejamento das operações de extração do minério. As instalações de tratamento/concentração são pouco eficientes, possibilitando baixa recuperação do bem mineral. O mesmo se faz sentir no Garimpo do Engenho Podre, onde, além dos problemas ambientais inerentes da operação, ocorrem perdas superiores a 40% na recuperação, segundo estudos efetuados no Departamento de Engenharia de Minas da UFOP.
Segundo Barreto (2001), os principais impactos gerados, na etapa de produção do ouro em garimpos, são: desmatamento de mata ciliar; turbidez, assoreamento dos rios, poluição por mercúrio nos solos, nos sedimentos, nas águas dos rios e no ar, com conseqüências na saúde ocupacional, na biota e na flora. Esses impactos foram verificados no Garimpo do Engenho Podre, embora a poluição por mercúrio tenha sido controlada, após a implantação de um programa de gestão ambiental, que incluiu a construção de um laboratório de amalgamação, queima do amálgama em retorta e disposição controlada do rejeito da amalgamação. O programa de gestão ambiental aplicado ao Garimpo do Engenho Podre constitui uma das etapas em busca da sustentabilidade ambiental da atividade na região.
Embora marginal, do ponto de vista técnico, a atividade garimpeira desenvolve um papel importante como geradora de emprego e aumento de renda, conforme dados econômicos apresentados. Os garimpeiros ligados à COOPERGAMA representam apenas 10% da população de Monsenhor Horta, mas, por outro lado, a atividade é forte geradora de riquezas para o distrito com grande impacto no comércio local, além do apoio financeiro da cooperativa em projetos sociais e culturais no local.
O desenvolvimento sustentável incorpora estratégias ambientalmente adequadas para promover um desenvolvimento sócio-econômico mais eqüitativo. No Garimpo do Engenho Podre, verifica-se que os funcionários envolvidos, mesmo aqueles menos alfabetizados, possuem um poder de compra alto, quando comparados com os dados do quadro nacional, onde aqueles com o mesmo nível de educação ganham apenas o correspondente a um salário mínimo.
Está em andamento um projeto, na FAPEMIG, de transferência de tecnologia, aprovado dentro do Edital de Arranjos Produtivos Locais - APL's de base mineral. Esse projeto está sob a coordenação de professores do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto e visa, além de montagem de instalações de beneficiamento mais eficientes, ao planejamento de extração do bem mineral e à implantação de um sistema de gestão ambiental.
Paralelamente, o Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa está envolvido num projeto de revegetação de mata ciliar na área do Garimpo, o qual também obteve apoio financeiro da FAPEMIG. Os projetos da UFOP e, agora, da UFV, em parceria com a COOPERGAMA, demonstram uma mudança de mentalidade dos garimpos em prol de uma atividade mais satisfatória do ponto de vista ambiental e sócio-econômico - ferramentas imprescindíveis para o desenvolvimento sustentável da atividade.: