• Matéria: Português
  • Autor: Bia91580
  • Perguntado 5 anos atrás

Qual relação que podemos estabelecer entre esse fragmento que retrata um dos aspecto do cotidiano de Cabo Verde com o contidiano de muitos brasileiros?

Respostas

respondido por: Danas
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O fragmento retrata uma situação de pobreza e miséria, que também existe no Brasil, principalmente em regiões muito pobres do nordeste e do norte, mas também ocorre nas demais regiões do Brasil.

No Brasil a pobreza ainda é muito grande, a renda média de mais da metade dos brasileiros ainda é inferior a 1 salario mínimo, que já um salario baixo e que não permite que os brasileiros vivam de forma digna.

Porém, muitos outros brasileiros ainda vivem abaixo da linha da miséria, cerca de 13,5 milhões de brasileiros.

texto abaixo:

Mesmo que chovesse, era já tarde. Compreendia que a situação se tornava  cada dia mais difícil e eu tinha que trabalhar de qualquer forma.

Dragão de  vez em quando espetava as orelhas e punha-se a farejar por todos os lados.

Eu sacava da pistola e parava a cavalgadura. Depois continuava estrada a fora,  sempre atento às pessoas que passavam.

A vila enchia-se de gente que abandonava os campos sem água. Vinham

esfarrapados, magros, com chagas enormes fedendo a podridão.

As mães  traziam os filhos pequenos à cabeça, em grandes balaios. Paravam à porta  dos sobrados e mostravam os cestos de carriço onde se viam olhos gulosos  emergindo de carinhas murchas de fraqueza. Deambulavam pelas ruas num  corteja de tristeza e desespero.

Pinoti-Capador morreu inchado, a brincar com uma pedra. Perdiam o juízo e  ficavam que nem umas crianças. Os meninos ganhavam rugas e pareciam uns  anões velhos. De noite recolhiam-se no casarão da Escola e no outro dia, ia-se  ver, eram vivos e mortos estendidos a esmo pelo chão.

Recomeçava a peregrinação pelas portas das casas e repetiam-se as cenas que  então se viam. Meninos chupavam tetas vazias, mães que recusavam o comer  aos filhos, velhos que morriam nos largos públicos, na presença de toda a gente.

Quando lhes dava para emagrecer, iam a ponto de pouco faltar para uns esqueletos perfeitos. Mas depois inchavam e ficavam luzidios como a pele de  um tambor. A seguir estiravam-se de comprido, os olhos escancarados para o  céu aberto, sem nuvens, donde não caía a chuva.  Foi um tempo terrível aquele, para as gentes da ilha.”

BRAGANÇA, Albertino. Contos africanos

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