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Desde que a antena parabólica dos mangueboys sintonizou a cultura pop mundial, Recife não foi mais a mesma. Quando atingiu aquele rio, a água do mar retornou diferente ao oceano, deixando, no entanto, sua marca salina no estuário.
A transformação provocada pelo Mangue Beat – talvez até sem intenção – atingiu os baluartes da cultura tradicional. Já nos anos 1960, com o advento do Tropicalismo, a influência estrangeira havia preocupado os componentes do que viria a ser o Movimento Armorial, liderado pelo escritor Ariano Suassuna. Fundado em outubro de 1970, sob a tese de preservação da arte genuína brasileira, esse grupo pesquisava a herança colonial deixada na cultura popular sertaneja, que possivelmente não teria sofrido alterações devido à distância dos meios de comunicação. Ou, segundo a interpretação do professor Herom Vargas, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Imes), buscava retomar elementos culturais mantidos quase inertes no sertão árido do nordeste, provenientes da península Ibérica, com traços cristãos e mouros, e das culturas indígenas. Depois do garimpo, os armoriais executariam tal música, só que de maneira erudita, adequando-a aos grandes salões.