B) o narrador é personagem ou observador? Justifique transcrevendo uma passagem do texto
Respostas
Resposta:
na verdade tem vários tipos de narrador então sem um texto não dá para identificar porém os tipos de narradores que eu conheço são:
Explicação:
NARRADOR PERSONAGEM: conta e participa da história. No foco narrativo predomina a 1° pessoa.
NARRADOR-OBSERVADOR: descreve os fatos sem se envolver com eles, predomina o uso da 3° pessoa no foco narrativo
NARRADOR ONISCIENTE: é aquele que sabe todos os fatos da história, mesmo que não participe dela. Narra os pensamentos e sentimentos dos personagens, sem que eles precisem se expressar claramente. Predomina 3° pessoa
ESPERO TER AJUDADO MESMO NÃO SABENDO MUITO BEM O CONTEXTO
CONTO: LUZ DE LANTERNA, SOPRO DE VENTO
Marina Colasanti
Tendo o marido partido para a guerra, na primeira noite da sua ausência a
mulher acendeu uma lanterna e pendurou-a do lado de fora da casa. “Para
trazê-lo de volta”, murmurou. E foi dormir.
Mas, ao abrir a porta na manhã seguinte, deparou-se com a lanterna
apagada. “Foi o vento da madrugada”, pensou olhando para o alto como se
pudesse vê-lo soprar.
À noite, antes de deitar, novamente acendeu a lanterna que, a distância,
haveria de indicar ao seu homem o caminho de casa.
Ventou de madrugada. Mas era tão tarde e ela estava tão cansada que
nada ouviu, nem o farfalhar das árvores, nem o gemido das frestas, nem o
ranger da argola da lanterna. E de manhã surpreendeu-se ao encontrar a luz
apagada.
Naquela noite, antes de acender a lanterna, demorou-se estudando o céu
límpido, as claras estrelas. “Na certa não ventará”, disse em voz alta, quase
dando uma ordem. E encostou a chama do fósforo no pavio.
Se ventou ou não, ela não saberia dizer. Mas antes que o dia raiasse não
havia mais nenhuma luz, a casa desaparecia nas trevas.
Assim foi durante muitos e muitos dias, a mulher sem nunca desistir
acendendo a lanterna que o vento, com igual constância, apagava.
Talvez meses tivessem passado quando num entardecer, ao acender a
lanterna, a mulher viu ao longe, recortada contra a luz que lanhava em
sangue no horizonte, a escura silhueta de um homem a cavalo. Um homem
a cavalo que galopava na sua direção.
Aos poucos, apertando os olhos para ver melhor, distinguiu a lança
erguida ao lado da sela, os duros contornos da couraça. Era um soldado que
vinha. Seu coração hesitou entre o medo e a esperança. O fôlego se reteve
por instantes entre os lábios abertos. E já podia ouvir os cascos batendo
sobre a terra, quando começou a sorrir. Era seu marido que vinha.
Apeou o marido. Mas só com um braço rodeou- -lhe os ombros. A
outra mão pousou na empunhadura da espada. Nem fez menção de
encaminhar-se para a casa.
Que não se iludisse. A guerra não havia acabado. Sequer havia acabado
a batalha que deixara pela manhã. Coberto de poeira e sangue, ainda assim
não havia vindo para ficar. “Vim porque a luz que você acende à noite não
me deixa dormir”, disse-lhe quase ríspido. “Brilha por trás das minhas
pálpebras fechadas, como se me chamasse. Só de madrugada, depois que o
vento sopra, posso adormecer.”
A mulher nada disse. Nada pediu. Encostou a mão no peito do marido,
mas o coração dele parecia distante, protegido pelo couro da couraça.
“Deixe-me fazer o que tem que ser feito, mulher”, disse sem beijá-la. De um
sopro apagou a lanterna. Montou a cavalo, partiu. Adensavam-se as
sombras, e ela não pôde sequer vê-lo afastar-se recortado contra o céu.
A partir daquela noite, a mulher não acendeu mais nenhuma luz. Nem
mesmo a vela dentro de casa, não fosse a chama acender-se por trás das
pálpebras do marido.
No escuro, as noites se consumiam rápidas. E com elas carregavam os
dias, que a mulher nem contava. Sem saber ao certo quanto tempo havia
passado, ela sabia porém que era tanto.
E, passado outro tanto, num final de tarde em que à soleira da porta
despedia-se da última luz do horizonte, viu desenhar-se lá longe a silhueta
de um homem. Um homem a pé que caminhava na sua direção. Protegeu os
olhos com a mão para ver melhor e aos poucos, porque o homem avançava
devagar, começou a distinguir a cabeça baixa, o contorno dos ombros
cansados. Contorno doce, sem couraça. Hesitou seu coração, retendo o
sorriso nos lábios — tantos homens haviam passado sem que nenhum fosse
o que ela esperava. Ainda não podia ver-lhe o rosto, oculto entre barba e
chapéu, quando deu o primeiro passo e correu ao seu encontro, liberando o
coração. Era seu marido que voltava da guerra.
Não precisou perguntar-lhe se havia vindo para ficar. Caminharam até a
casa. Já iam entrar, quando ele se reteve. Sem pressa voltou-se, e, embora a
noite ainda não tivesse chegado, acendeu a lanterna. Só então entrou com a
mulher. E fechou a porta.