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O território nacional é reconhecidamente diverso e heterogêneo, apresentando consigo um número muito grande de características naturais, a exemplo dos regimes de chuvas. Em alguns locais, chove mais e tem-se uma maior disponibilidade natural de água; em outros, as secas são mais frequentes e a escassez hídrica torna-se um problema a ser enfrentado. Mas, afinal, o que regula as chuvas no Brasil?
Bem, tentar entender o clima não é fácil. Compreender as causas para os diversos eventos meteorológicos é ainda mais complicado. Mas podemos elencar alguns fatores que podem explicar as causas das chuvas no país.
Em primeiro lugar, temos que citar o importante papel da vegetação no território brasileiro, principalmente o da Floresta Amazônica. Nela, por meio da evapotranspiração, uma grande quantidade de umidade é liberada para a atmosfera e, depois, transportada para outras localidades, o que explica a dinâmica dos chamados Rios Voadores, uma vez que a vazão de água presente nessa umidade que se desloca é superior até mesmo à do Rio Amazonas. Essa grande quantidade de ar úmido é a fonte das chuvas em boa parte do ano em várias regiões brasileiras.
Existem, no entanto, outros fatores climáticos que interferem nesse processo, como as massas de ar no país. Elas ajudam a controlar os regimes de chuvas em várias regiões, bem como distribuem em maior ou menor grau o regime pluviométrico nas diferentes áreas do país. No caso acima citado dos rios voadores, é necessário o deslocamento das massas de ar – sobretudo a massa Equatorial continental e a massa Equatorial atlântica – para garantir a existência desse fenômeno. Em outros casos, elas também promovem a movimentação de ar úmido advindo do Oceano Atlântico.
Existem, ainda, as anomalias climáticas, que também ajudam a explicar as variações das chuvas no Brasil. O El Niño e o La Niña, por exemplo, são fenômenos cíclicos que ocorrem em intervalos irregulares, geralmente de dois a sete anos. O primeiro é resultado do aquecimento acentuado do ambiente marinho do Oceano Pacífico na costa do Peru, enquanto o segundo é um resfriamento dessas águas.
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O El Niño, no Brasil, altera a orientação de algumas massas de ar, provocando uma diminuição das chuvas no extremo norte do país e intensificando a seca em algumas regiões do Nordeste, em razão do enfraquecimento da massa equatorial continental, a mesma responsável pela fluidez dos rios voadores. A região Sudeste, por sua vez, fica mais quente, enquanto no sul do país o regime de chuvas intensifica-se, sendo responsável por cheias incomuns em alguns rios e até a ocorrência de enchentes.
Em contraste, o La Niña, cuja ocorrência é menos frequente, provoca os efeitos relativamente inversos. Na região Norte, o clima passa a ser ainda mais chuvoso do que o comum, havendo um maior controle das temperaturas em razão da elevação da umidade, que diminui a amplitude térmica. O mesmo acontece com a região Nordeste, que, mesmo nas regiões mais secas, passa a receber um maior volume de chuvas. Já nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, embora as temperaturas diminuam intensamente, o volume de chuvas não costuma se alterar significativamente com esse fenômeno, ao contrário do que eventualmente ocorre na região Sul.
Outra dinâmica climática cíclica que ajuda a alterar o regime de chuvas no Brasil é a Oscilação Decadal do Pacífico (ODP), que consiste nas variações térmicas em todo o Oceano Pacífico, resultando em alterações climáticas com intervalos alternados de mais ou menos vinte anos. Nas ODPs positivas, a temperatura e a seca são mais comuns; nas negativas, a tendência é haver mais chuvas médias anuais.
Como podemos perceber, diversos fatores interferem na ocorrência de chuvas no Brasil. E isso porque nem foram citados os efeitos da ação humana, sobretudo com o desmatamento e o aquecimento global, temas bastante controversos no âmbito das ciências atmosféricas. Não por acaso, as alterações desses diversos elementos provocam chuvas acima ou abaixo do esperado e causam problemas socioambientais de variadas consequências.
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