Leia o texto abaixo.
O PREÇO DE NEGAR A CIÊNCIA
A ciência está longe de ser o único saber humano legítimo. Tampouco ela tem o monopólio da verdade. No entanto, ela é ainda o nosso mecanismo de controle da natureza mais confiável pelo seu poder de previsibilidade. Colocar em dúvida a ciência passou a ser uma estratégia que se coaduna com a política da ignorância ou da defesa da mentira.
Terraplanismo, negacionismo climático e movimentos antivacinas são as formas mais conhecidas dessa aposta na ignorância. Se isso fosse uma questão isolada e restrita a algum grupo de fanáticos, não seria problema. Mas, quando representantes máximos das instituições, por diversas razões, todas espúrias, resolvem entrar na onda do anticientificismo, o preço social que temos que pagar por isso é alto. Muito dinheiro jogado pelo ralo. Mais do que isso: vidas interrompidas.
A comunidade acadêmica há muito demandava que a China proibisse o comércio do consumo de carne de caça, prática chinesa associada a muitas necessidades, inclusive médicas (da medicina tradicional). Essa prática em larga escala sempre foi considerada como de alto risco pela falta de controle social e sanitário, mas também por levar espécies à extinção. A despeito dos apelos da comunidade científica, a China tardou em tomar ações nesse sentido, e o coronavírus pode ter chegado até nós por um prato de sopa preparado com algum animal silvestre.
A pandemia causada pelo coronavírus é a forma mais dramática de aprendermos que a negação da ciência pode nos custar muito caro. Para retardar o prejuízo, a China terminou proibindo, ao menos temporariamente, o comércio de espécies selvagens. Agora, os governos do mundo todo estão tomando ações que vão de campanhas informativas a quarentenas, todas baseadas nas melhores informações científicas disponíveis. Mas o alívio total virá de uma possível vacina que só deverá circular pelo mundo em 18 meses —se tudo der certo. Esse tudo significa muita ciência: pesquisa e, sobretudo, investimento.
Portanto, a humanidade e especialmente o Brasil deveriam aprender uma boa lição dessa tempestade chamada coronavírus. Não há terraplanismo que resolva problemas graves da humanidade, como a pobreza e a fome. Não há melhor proteção contra doenças contagiosas que vacinas e boa medicina baseada em evidências —inclusive associadas a práticas culturais tradicionais de eficácia comprovada.
Mas, sobretudo, não há tempo para adiar as profundas mudanças que precisamos operar na sociedade para combater as mudanças climáticas e as tragédias que a ciência prevê com alto grau de confiabilidade associadas à degradação ambiental.
Não temos mais tempo para inimigos imaginários, pseudogurus decadentes e teorias da conspiração. Precisamos de conhecimento que demandam investimentos e instituições fortes de apoio e promoção da ciência.
A principal estratégia argumentativa dos autores para defender sua tese é a exemplificação. Em qual dos trechos do texto está presente essa estratégia?
(A) “A ciência está longe de ser o único saber humano legítimo. Tampouco ela tem o monopólio da verdade. No entanto, ela é ainda o nosso mecanismo de controle da natureza mais confiável pelo seu poder de previsibilidade” (1° parágrafo)
(B) “A despeito dos apelos da comunidade científica, a China tardou em tomar ações nesse sentido, e o coronavírus pode ter chegado até nós por um prato de sopa preparado com algum animal silvestre” (3° parágrafo)
(C) “Mas, sobretudo, não há tempo para adiar as profundas mudanças que precisamos operar na sociedade para combater as mudanças climáticas e as tragédias que a ciência prevê com alto grau de confiabilidade associadas à degradação ambiental” (6° parágrafo)
(D) “Não temos mais tempo para inimigos imaginários, pseudogurus decadentes e teorias da conspiração. Precisamos de conhecimento que demandam investimentos e instituições fortes de apoio e promoção da ciência” (7° parágrafo)
Respostas
a)“A ciência está longe de ser o único saber humano legítimo. Tampouco ela tem o monopólio da verdade. No entanto, ela é ainda o nosso mecanismo de controle da natureza mais confiável pelo seu poder de previsibilidade” (1° parágrafo)
As principais estratégias argumentativas a serem utilizadas são:
Introdução: que é a problematização do tema;
Desenvolvimento: envolve a argumentação/fundamentação e a defesa do ponto de vista individual;
Conclusão: finalização da da discussão realizada ao longo do texto.
A argumentação de autoridade, também pode ajudar, uma vez que consiste em apresentar e interpretar a opinião de outros autores, sendo colocados em prática por meio das famosas citações, que são as ideias de determinado autor e devem estar entre aspas.