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A estreia da literatura de cordel no cinema aconteceu exatamente no
momento em que o cinema brasileiro, assim como o cinema mundial,
passava por uma transformação radical: na virada dos anos 1960, quando
jovens cineastas, na Europa e na América Latina, recusando o modelo
americano de produção, defendiam um cinema de autor, um cinema
mais fi el à identidade nacional dos países produtores. Foi assim que
Glauber Rocha reivindicou um cinema de inspiração brasileira, fundado
na história e cultura do país. Nesse caso, um dos elementos marcantes de
sua estética foi a infl uência do universo de cordel em fi lmes como Deus e o
diabo na terra do sol (1963) e Antônio das mortes (1969).
Observemos que esses dois fi lmes foram produzidos quando o Brasil
acabara de ganhar uma nova capital, Brasília, símbolo por excelência da
modernidade e igualmente símbolo da retomada brasileira das decisões
sobre o destino do Brasil. Situada numa terra de ninguém, virgem de
qualquer história colonial e no centro do país (não mais no litoral por
onde entraram os colonizadores estrangeiros), a nova capital era um
exemplo fantástico da nova potência brasileira, país do futuro... No
entanto, esse mito sustentava-se sobre uma tragédia cruel, a de numerosos
trabalhadores nordestinos, chamados candangos1
, que vieram dar suas
vidas por aquela gigantesca obra.
Na época, raros fotógrafos (com exceção dos fotógrafos ofi ciais) se interessaram por aquele canteiro de obras. Um deles foi o americano Euge-ne
Feldman, convidado em 1959 por Antonio Magalhães, um designer da equipe
de Oscar Niemeyer, para conhecer o Brasil. Foi nessa ocasião que ele realizou
um certo número de imagens das obras. Alguns anos mais tarde, depois da
anistia, um cineasta paraibano, Vladimir Carvalho, decidiu contar a história
da construção da capital com base em algumas daquelas fotografi as, (assim
como nas películas de 16mm cedidas por sua mulher depois de sua morte
em 1975) , sob o título de Brasília segundo Feldman (Mattos, 2008, p. 216).
Mas a história dessa aventura cinematográfi ca não terminou. Nos anos
1980, quando João Bosco Bezerra Bonfi m, então estudante de literatura
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