Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho
de ir buscar o seu ( pau brasil] [...]. Uma vez um velho perguntou -me: Por que vindes vós outros,
mairs e perôs (franceses e portugueses ), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes
madeira em vossa terra? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a
queimávamos [...] mas dela extraíamos [...] mas dela extraíamos tinta para tingir [...].
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? - Sim [...), pois no nosso país
existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que
podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados.
Ah! retrucou o selvagem [...]: Mas esse homem tão rico de que me falas não morre?
-Sim, disse eu, morre como os outros.
Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso
perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? - Para seus filhos se os têm,
respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos.- Na verdade, continuou o velho
[...] agora vejo que vós outros [...] sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes
incômodos [...] e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos
sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães,
filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois de nossa morte a terra que nos nutriu
também os nutrirá [...].
LÉRY,Jean de Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paul: Edusp, 1980. p169-170
Respostas
Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho
de ir buscar o seu ( pau brasil] [...]. Uma vez um velho perguntou -me: Por que vindes vós outros,
mairs e perôs (franceses e portugueses ), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes
madeira em vossa terra? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a
queimávamos [...] mas dela extraíamos [...] mas dela extraíamos tinta para tingir [...].
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? - Sim [...), pois no nosso país
existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que
podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados.
Ah! retrucou o selvagem [...]: Mas esse homem tão rico de que me falas não morre?
-Sim, disse eu, morre como os outros.
Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso
perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? - Para seus filhos se os têm,
respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos.- Na verdade, continuou o velho
[...] agora vejo que vós outros [...] sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes
incômodos [...] e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos
sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães,
filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois de nossa morte a terra que nos nutriu
também os nutrirá [...].
LÉRY,Jean de Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paul: Edusp, 1980. p169-170