o que se passava da dentro da navegação portuguêsa
falarodrigo:
O que exatamente você deseja saber?
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Prezada Luana,
Muita coisa se desconhece sobre como era viver nessas embarcações, haja vista que os escritores sempre buscavam ressaltar as glórias da conquista.
No início das grandes navegações, a vida das pessoas que se aventuravam nos barcos era repleta de inúmeros desafios e boa probabilidade de morrer. Muitos dos marinheiros eram pessoas obrigadas a irem, como uma espécie de pena alternativa a seus crimes, não tendo nada mais a perder. A quantidade de voluntários era bastante pequena.
Havia dificuldades de vários tipos, como a falta de locais seguros para reabastecer quanto à água potável e à comida, bem como as enormes distâncias dessas viagens, além do desconhecimento acerca de correntes marítimas adequadas e dos ventos. Nesse sentido, era comum a ocorrência de tempestades e zonas de calmaria (elas dificultavam a navegação, que era à vela), diminuindo muito a velocidade das embarcações. Outros problemas estavam na ausência de mapas bem detalhados e de sinalizações para identificar regiões com ameaça à segurança dos navios, como rochedos.
As condições sanitárias nos navios das grandes navegações eram, verdadeiramente, horríveis. A água era armazenada em tanques, que, em pouco tempo, ficavam cheios de urina de ratos, insetos - como baratas-, dentre outros organismos nocivos à saúde. Enfim, como você deve imaginar, quem bebia dessas águas passavam por crises de disenteria e outros graves problemas estomacais. Havia muitos piolhos, percevejos e pulgas.
Uma das inovações para lidar com o problema era utilizar bebidas alcoólicas para se hidratar, como o vinho e o rum, evitando-se o consumo da água contaminada.
A comida não era menos desagradável. Normalmente, o que se comia era biscoitos de trigo e centeio, geralmente mofados devido à má conservação, e com cheiro de xixi de ratos, meio comido pelas baratas e gorgulhos (carunchos). Havia também carne salgada. Os capitães e comandantes embarcavam alguns animais, como galinhas, cabras, e porcos. Normalmente, eles eram consumidos logo no início da viagem.
Devido também à falta de vitaminas (frutas e legumes quase não eram consumidos durante as viagens), havia muitas doenças, como o mal-das-gengivas, que resultavam no apodrecimento das gengivas. A subnutrição e as avitaminoses eram frequentes.
Assim, a alimentação nessas viagens eram extremamente ruins para os padrões hoje de segurança alimentar.
Obviamente, quando encontravam terras, eles buscavam reabastecer, de modo a continuar com a longa viagem.
Um dos relatos mais dramáticos dessa situação está no livro "História Verdadeira e Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos, Situada no Novo Mundo da América, Desconhecida antes e depois de Jesus Cristo nas Terras de Hessen até os Dois Últimos Anos, Visto que Hans Staden, de Homberg, em Hessen, a Conheceu por Experiência Própria e agora a Traz a Público com essa Impressão", publicado em 1557.
Nessa obra, o Hans Staden relata haver passado dois meses comendo apenas farinha de mandioca até chegar na Europa.
Em alguns casos, a situação piorava quando encontravam zonas marítimas de pouco vento, de modo que o navio, praticamente, ficava imóvel. Nesses períodos, as provisões poderiam acabar, dando margem a situações de caçar os ratos do navio, bem como de canibalismo.
Era comum o naufrágio, com a morte de muitos dos navegadores. Vale ressaltar que raramente havia mulheres à bordo, de maneira que ocorriam casos de homossexualismo durante o longo trajeto. Os grumetes, abaixo do nível de marinheiros, jovens entre 9 a 16 anos, muitas vezes eram vítimas de violência sexual perpetrada por grupos de marinheiros. Às vezes, prostitutas ou ciganas eram enganadas ou forçadas à embarcar, apesar do risco das doenças venéreas.
Como havia o medo de que fugissem, muitos capitães proibiam os marinheiros de pisar em terra firme, mantendo-os durante anos no navio.
Resumindo: a viagem nas embarcações assemelha-se à vida nas prisões brasileiras atuais, ou, ao menos, às piores delas. Era cheia de perigos, bem como privações até mesmo quanto à alimentação e à água a serem consumidos durante a travessia do Oceano Atlântico. Além disso, havia um clima de certa violência entre os marinheiros, que se distraíam o Jogo de Aliado ou semelhantes na tentativa de superar o tédio.
Bons estudos!
Muita coisa se desconhece sobre como era viver nessas embarcações, haja vista que os escritores sempre buscavam ressaltar as glórias da conquista.
No início das grandes navegações, a vida das pessoas que se aventuravam nos barcos era repleta de inúmeros desafios e boa probabilidade de morrer. Muitos dos marinheiros eram pessoas obrigadas a irem, como uma espécie de pena alternativa a seus crimes, não tendo nada mais a perder. A quantidade de voluntários era bastante pequena.
Havia dificuldades de vários tipos, como a falta de locais seguros para reabastecer quanto à água potável e à comida, bem como as enormes distâncias dessas viagens, além do desconhecimento acerca de correntes marítimas adequadas e dos ventos. Nesse sentido, era comum a ocorrência de tempestades e zonas de calmaria (elas dificultavam a navegação, que era à vela), diminuindo muito a velocidade das embarcações. Outros problemas estavam na ausência de mapas bem detalhados e de sinalizações para identificar regiões com ameaça à segurança dos navios, como rochedos.
As condições sanitárias nos navios das grandes navegações eram, verdadeiramente, horríveis. A água era armazenada em tanques, que, em pouco tempo, ficavam cheios de urina de ratos, insetos - como baratas-, dentre outros organismos nocivos à saúde. Enfim, como você deve imaginar, quem bebia dessas águas passavam por crises de disenteria e outros graves problemas estomacais. Havia muitos piolhos, percevejos e pulgas.
Uma das inovações para lidar com o problema era utilizar bebidas alcoólicas para se hidratar, como o vinho e o rum, evitando-se o consumo da água contaminada.
A comida não era menos desagradável. Normalmente, o que se comia era biscoitos de trigo e centeio, geralmente mofados devido à má conservação, e com cheiro de xixi de ratos, meio comido pelas baratas e gorgulhos (carunchos). Havia também carne salgada. Os capitães e comandantes embarcavam alguns animais, como galinhas, cabras, e porcos. Normalmente, eles eram consumidos logo no início da viagem.
Devido também à falta de vitaminas (frutas e legumes quase não eram consumidos durante as viagens), havia muitas doenças, como o mal-das-gengivas, que resultavam no apodrecimento das gengivas. A subnutrição e as avitaminoses eram frequentes.
Assim, a alimentação nessas viagens eram extremamente ruins para os padrões hoje de segurança alimentar.
Obviamente, quando encontravam terras, eles buscavam reabastecer, de modo a continuar com a longa viagem.
Um dos relatos mais dramáticos dessa situação está no livro "História Verdadeira e Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos, Situada no Novo Mundo da América, Desconhecida antes e depois de Jesus Cristo nas Terras de Hessen até os Dois Últimos Anos, Visto que Hans Staden, de Homberg, em Hessen, a Conheceu por Experiência Própria e agora a Traz a Público com essa Impressão", publicado em 1557.
Nessa obra, o Hans Staden relata haver passado dois meses comendo apenas farinha de mandioca até chegar na Europa.
Em alguns casos, a situação piorava quando encontravam zonas marítimas de pouco vento, de modo que o navio, praticamente, ficava imóvel. Nesses períodos, as provisões poderiam acabar, dando margem a situações de caçar os ratos do navio, bem como de canibalismo.
Era comum o naufrágio, com a morte de muitos dos navegadores. Vale ressaltar que raramente havia mulheres à bordo, de maneira que ocorriam casos de homossexualismo durante o longo trajeto. Os grumetes, abaixo do nível de marinheiros, jovens entre 9 a 16 anos, muitas vezes eram vítimas de violência sexual perpetrada por grupos de marinheiros. Às vezes, prostitutas ou ciganas eram enganadas ou forçadas à embarcar, apesar do risco das doenças venéreas.
Como havia o medo de que fugissem, muitos capitães proibiam os marinheiros de pisar em terra firme, mantendo-os durante anos no navio.
Resumindo: a viagem nas embarcações assemelha-se à vida nas prisões brasileiras atuais, ou, ao menos, às piores delas. Era cheia de perigos, bem como privações até mesmo quanto à alimentação e à água a serem consumidos durante a travessia do Oceano Atlântico. Além disso, havia um clima de certa violência entre os marinheiros, que se distraíam o Jogo de Aliado ou semelhantes na tentativa de superar o tédio.
Bons estudos!
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