• Matéria: Português
  • Autor: jeanmkunzler
  • Perguntado 5 anos atrás

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Calça Literária
Carlos Drummond de Andrade
É assíduo leitor de blusas, camisas, saias, calças estampadas. Não lhe escapa um exemplar novo. Parece desligado, e observa tudo. Segundo ele, as peças de indumentária, masculina e feminina, ostentando símbolos e nomes de universidades americanas, manchetes, páginas de jornal, retratos de Pelé e Jimi Hendrix, apelos ao amor que não à guerra, etc., há muito deixaram de ser originais. (...) Hoje, lê-se mais nos tecidos do que nos livros, e não é ler apenas, é ver cinema e televisão, pois os corpos, ao se moverem, dinamizam as figuras estampadas. ...........................................................................................................................
– Ontem eu li uma calça comprida, de mulher, que à primeira vista não tinha nada de especial. Estava escrita como tantas outras. Mas o texto (não confundir com textura) me chamou a atenção. Geralmente, calças e blusas não são literárias. Trazem notícias, anúncios, slogans, mas versos, ainda não tinha visto. Pois essa tinha poemas em português, de Camões ao Vinícius. ...........................................................................................................................
– Foi a primeira calça literária, totalmente poética, do meu conhecimento. Feita em São Paulo? Talvez. Caracteres pretos sobre fundo branco. Versos em todas as direções. De Bilac, de Cecília, de Bandeira, de Castro Alves, de Fernando Pessoa. Uma antologia, bicho. Sem ordem, naturalmente. Escuta aí: Onde vais à tardezinha, morena flor do sertão? O que eu adoro em ti é a vida. Aqui outrora retumbaram hinos. Oh abelha imaginativa! o que o desejo inventa... Vou-me embora pra Pasárgada. Amor é fogo que arde sem se ver. Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho. No monte de amor andei, por ter de monteiro fama, sem tomar gamo nem gama. Clorindas e Belindas brincam no tempo das berlindas. Eu tenho amado tanto e não conheço o amor. Estrela Vésper do pastor errante. Tamos em pleno mar: dois infinitos ali se alteiam... ...........................................................................................................................
(...) Mas que seja infinito enquanto dure. Cantando espalharei por toda parte. Tudo não escondido perde a graça. O cinamomo floresce em frente do teu postigo. Crisântemo divino aberto em meio da solidão...Tinha uma pedra no meio do caminho. ...........................................................................................................................
(...) Os poetas que tratem de defender seus direitos autorais. A menos que considerem uma honra vestir de versos as mulheres.
ANDRADE, Carlos Drummond de et alii. Para gostar de ler: crônicas. São Paulo: Ática, 1979, pp. 62-64
Disponível em: http://abel.mat.ufpb.br/vestibular/03i1pdf.pdf Cesso dia 06\01\ 2020

Vocabulário
textura = tecido
monteiro = aquele que caça nos montes
tomar = capturar
gamo = veado
gama = corça
cinamomo = arbusto
postigo = pequena janela

Atividades
1-Qual é o assunto do texto?


2-O que causou estranheza no narrador?

3-Qual é a figura de linguagem expressa na seguinte frase: “Vestir de Versos as mulheres”.?


4-O autor do texto faz uso da intertextualidade. Retire do texto um exemplo de intertextualidade e diga de que é a frase ou trecho.


5-O que são direitos autorais citados pelo autor?


6-O texto acima é uma crônica. Diga quais são as características de uma crônica

7-Retire do texto um exemplo de oralidade. (Fala despreocupada de regras gramaticais. )



Produção de texto.
Produza uma pequena crônica sobre o assunto tratado no texto. Você pode até usar um fato que aconteceu com você mesmo. Ou usar a sua criatividade e inventar algo.
( pode ser feito em uma folha de caderno.)

Respostas

respondido por: elderdepaulomoreiram
0

espere um pouco que eu vou tentar de ajudar

respondido por: angel728
2

Resposta:

e s p e r o q c o n s i g a

Explicação:

b o a s o r t e


jeanmkunzler: F D P
souzamariaregiane68: sdd
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