Sobre o pensamento de Max Weber, julgue as afirmações a seguir e depois escolha a alternativa que corresponde ao número de afirmações corretas: I – Para Weber, o interesse das ciências são as uniformidades detectáveis no agir humano em si mesmo. II – O desencantamento do mundo, para Weber, aconteceu porque a razão agora tudo pode dominar. Sendo assim, não há mais necessidade de recorrer-se à magia ou à fé. III – Para Weber, o destino nos obriga a viver em uma época sem Deus e sem profetas. IV – Um dos tipos de agir social é a atitude racional em relação a um fim, onde agimos de determinada forma para atingirmos alguma finalidade. V – Para descrever e explicar as individualidades o historiador precisa de conceitos universais e regularidades gerais pertencentes às ciências nomológicas.
a) Apenas uma afirmação está correta.
b) Duas afirmações estão corretas.
c) Três afirmações estão corretas.
d) Quatro afirmações estão corretas.
e) Cinco afirmações estão corretas.
Respostas
Resposta:
Max Weber demonstrou como o progresso da civilização no Ocidente foi regido por uma redução à lógica da vida social. Explicou que a modernidade não só deriva da diferenciação da economia capitalista e do Estado, mas também de uma reordenação racional da cultura e da sociedade.
A presença do pensamento de Weber nos estudos organizacionais se dá, no caso brasileiro, a partir de três frentes principais: a da absorção dos processos analíticos da sociologia interpretativa (verstehende soziologie), a discussão do formalismo burocrático e a dos sistemas de poder e sujeição internos às organizações. Marco da apropriação de Weber às questões da gestão do trabalho é a obra de Raimundo Faoro que, em 1958, constrói uma estrutura explicativa a partir da análise do patrimonialismo e da categoria weberiana de estamento. Em meados do século passado, Alberto Guerreiro Ramos chama a atenção para temas como a reificação e a alienação dos trabalhadores. Trabalhos mais recentes, como os de Paulo Roberto Motta, que trata do ponto de vista gerencial; e de Fernando Tenório, que refere à importância do modelo weberiano no entendimento das organizações; e Thiry-Cherques na esfera da gestão de pessoas, são complementados pela discussão metodológica presente em Sérgio Alves.
Neste artigo discuto os efeitos da redução sobre o entendimento do trabalho e da forma de administrá-lo. A partir da distinção entre racionalidade finalística e valorativa, examino o processo histórico de racionalização, tal como relatado por Weber, especialmente na análise da forma como a passagem do trabalho ascético para o trabalho burguês desembocou no trabalho sem encanto da atualidade. Concluo com uma apreciação das dificuldades apresentadas pelo espírito do trabalho na atualidade, cindido entre uma concepção pragmática, do trabalho-valor, característico da prática racional, e o entendimento do valor-trabalho, próprio da ética econômica racional. O ponto focal do artigo é o da contribuição de Weber para o mal-estar do trabalho contemporâneo, espoliado da espiritualidade pela tecnificação, pela alienação e pela rotinização, privado do seu caráter emancipador pela impossibilidade da autorrealização.
A orientação metodológica de Weber é de que a realidade não pode ser reduzida a nenhum esquema conceitual. Há duas razões para isso, que ele chamou de hiatus irracionalis entre a realidade e o conceito: a realidade é concreta, individual e definida pela singularidade de suas propriedades, enquanto o conceito é necessariamente abstrato e geral; a realidade é infinitamente complexa, tanto quantitativa quanto qualitativamente, de forma que nenhum conceito pode abarcá-la. Weber é particularmente difícil porque utiliza conceitos sem lhes atribuir uma definição geral. O seu esquema analítico envolve a construção de conceitos. Não há definição prévia porque ele chega às definições ao cabo de longos raciocínios.