Análise e intérprete esse poema:
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor
Respostas
O poema seguinte é constituído por 2 quadras e 2 tercetos (soneto) e segue o esquema rimático abba abba cdc dcd. As primeiras 3 estrofes correspondem á primeira parte, onde o "eu" poético tenta encontrar uma definição para o Amor. As antíteses e as contradições utilizadas ao longo desta parte mostram a confusão do sujeito lírico em relação a este conceito (Amor). A amor é algo tão complexo e tão contraditório que não é possível encontrar uma definição. Na última parte (último terceto) o "eu" poético mostra a sua conclusão, com o levantamento de uma questão. Essa questão é dirigida a todos os leitores, tendo sido formulada apenas para reflexão e não para uma resposta. O poeta questiona-se porque é que as pessoas continuam constantemente a apaixonar-se sabendo que o amor é algo tão contraditório que pode traze-lhes tanto felicidade como tristeza e enganos.