As pessoas do Rio de Janeiro se fazem transportar em cadeirinhas bem douradas sustentadas por negros. Esta cadeira é seguida por um ou dois negros domésticos, trajados de librés mas com os pés nus. Se é uma mulher que se transporta, ela tem frequentemente quatro ou cinco negras indumentadas com asseio; elas vão enfeitadas com muitos colares e brincos de ouro. Outras são levadas em uma rede. Os que querem andar a pé são acompanhados por um negro, que leva uma sombrinha ou guarda-chuva, como se queira chamar. LARA, S. H. Fragmentos setecentistas. São Paulo: Cia. das Letras, 2007 (adaptado). Essas práticas, relatadas pelo capelão de um navio que ancorou na cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 1748, simbolizavam o seguinte aspecto da sociedade colonial: A A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo patriarcal. B A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social. C A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da violência nos centros urbanos. D A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de transição para o trabalho livre. E A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo concedido pela elite senhorial.
Respostas
Resposta:
letra B
Os escravos que trabalhavam nas casas, com mais proximidade, tinham ''acesso'' a roupas melhores, principalmente quando expostos, como uma forma de demonstração de poder dos senhores, porém, sempre com os pés descalços, que era uma coisa ''característica'' de escravos. Basicamente, estavam bem vestidos para passar uma ideia de riqueza (uma vez que eram os últimos que os senhores se preocupariam), mas ainda mantinham essa ideia da falta de dignidade, com os pés descalços e as atividades degradantes.
No Rio de Janeiro colonial, os escravos eram usados para todo tipo de tarefa, mas ainda não possuíam direitos nem qualquer tipo de igualdade, sendo a correta a alternativa (b).
Os escravos domésticos eram "enfeitados" para agradar os olhos de seus donos e da população livre, burguesa e nobre. Eles eram utilizados para serviços de casa como cozinhar, limpas os móveis e o chão, cuidar de crianças, mas também para atividades externas, assim como a passagem do texto mostra: carregar seus donos, escoltá-los, ou ainda saindo sozinhos para vender doces e roupas, com praticamente todo o dinheiro destinado aos seus senhores. Apesar de ter uma condição de vida levemente elevada em relação aos escravos de lavoura (um escravo doméstico doente poderia transmitir a doença a seus donos, por exemplo), isso não significava que eles eram vistos pela sociedade como pessoas livres. A hierarquia estava sempre presente e era reforçada.
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