Reza, Maria
(À minha mulher)
Suam no trabalho as curvadas bestas
e não são bestas
são homens, Maria!
Corre-se a pontapés os cães na fome dos ossos
e não são cães
são seres humanos, Maria!
Feras matam velhos, mulheres e crianças
e não são feras, são homens
e os velhos, as mulheres e as crianças
são os nossos pais
nossas irmãs e nossos filhos, Maria!
Crias morrem à míngua de pão
vermes nas ruas estendem a mão à caridade
e nem crias nem vermes são
mas aleijados meninos sem casa, Maria!
Bichos espreitam nas cercas de arame farpado
Curvam cansados dorsos ao peso das cangas
E também não são bichos
Mas gente humilhada, Maria!
Do ódio e da guerra dos homens
das mães e das filhas violadas
das crianças mortas de anemia
e de todos os que apodrecem nos calabouços
cresce no mundo o girassol da esperança
Ah! Maria
põe as mãos e reza.
Pelos homens todos
e negros de toda a parte
põe as mãos
e reza, Maria!
(CRAVEIRINHA, J. Obra poética. Maputo: Imprensa, 2002, p.188)
10) É possível depreender das quatro primeiras estrofes:
a) a indignação crescente diante da miséria.
b) uma homenagem aos homens brancos.
c) a tentativa de consolar os homens miseráveis.
d) um canto de louvor aos colonizadores portugueses.
e) a busca de compreender as causas da miséria humana.
11) A primeira estrofe sugere que o trabalho é visto como:
a) atividade que permite a exploração do homem.
b) meio de satisfação pessoal dos empregados.
c) meio para que a sociedade gere justiça social.
d) atividade gratificante para as pessoas que se dedicam.
e) atividade necessária para o desenvolvimento social.
12) Na quinta estrofe, o verso “cresce no mundo o girassol da esperança” ilumina:
a) a impossibilidade de transformação da história.
b) a projeção da possibilidade de transformação da história.
c) uma tendência do povo a aceitar a opressão e as injustiças.
d) a certeza de que a justiça social em breve vai superar os problemas da colonização.
e) um descontentamento com o que se anuncia como futuro.
13) Estabeleça comparações entre o poema “O bicho” de Manuel Bandeira e “Reza, Maria” de Craveirinha, quanto a crítica social que fazem de seus respectivos países, Brasil e Moçambique.
Respostas
Resposta:
10.
letra ( A ) A indignação crescente diante da miséria
11.
letra ( A ) Atividade que permite a exploração do Homem.
12.
letra ( B) A projeção da possibilidade de transformação da história.
13.
1. Há claras relações de intertextualidade entre os dois poemas, marcadas pelos aspectos temáticos e estéticos.
2. Lê-se nos poemas moçambicano e brasileiro uma denúncia em relação à opressão em que grupos sociais do Brasil e de Moçambique vivem.
3. O poema do brasileiro Manuel Bandeira é marcado pelo sentimento de indignação diante da cena apresentada.
4. A perspectiva mais adequada para compreender os poemas é a fundada pelo diálogo entre literatura e história.
Explicação:
Pura interpretação de texto e principalmente ler com atenção.
10. A partir das quarto primeiras estrofes, podemos ver sendo descrita a indignação crescente diante da miséria, conforme aponta a alternativa A.
11. O trabalho, assim como sugere a primeira estrofe, é visto como uma atividade que permite a exploração do homem, conforme aponta a alternativa A.
12. O verso apresentado na quinta estrofe discorre sobre a projeção da possibilidade de transformação da história, assim como afirma a alternativa B.
13. Ambos os poemas são marcados pela intertextualidade, pelas críticas sociais em relação a determinado grupos e provocam um sentimento de indignação no interlocutor.
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