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As vacinas anti-meningocócicas são indicadas na prevenção de epidemias e conferem imunidade grupo-específica contra a doença meningocócica, diminuindo as chances de ocorrência da infecção78. Diversas vacinas têm sido produzidas contra os meningococos A, B e C, os mais comuns nas endemias e epidemias e mesmo contra os sorogrupos Y e W135 que podem ocasionar surtos esporádicos em academias militares e educandários. Uma vacina de polissacáride 29E foi experimentada por Griffiss e col.42 com resultados imunogênicos satisfatórios em adultos. As vacinas monovalentes A e C, a bivalente AC e a tetravalente ACYW135 vêm sendo empregadas com freqüência nos Estados Unidos, Europa e América do Sul. Essas vacinas em geral contêm 50 µg de polissacáride por dose e são administradas por via subcutânea16, 36. Reações locais podem ocorrer devido à presença de altos níveis de anticorpos pré-existentes ou a presença da endotoxina lipopolissacarídica como contaminante do produto vacínico36. No entanto, os efeitos tóxicos ou alérgicos das vacinas não são freqüentes38.
A imunização contra a doença meningocócica tem sido recomendada para indivíduos de risco: pessoas com deficiência dos componentes terminais do sistema complemento ou asplenia anátomo/funcional, trabalhadores ou viajantes que necessitem chegar a áreas onde a doença é epidêmica e ainda, recrutas militares17-20. A preocupação com este último grupo atribui-se às circunstâncias que envolvem o período de treinamento militar quando se formam grandes agrupamentos, o que pode aumentar a taxa de portadores e o desenvolvimento da doença invasiva96, 99. Quando 40% dos recrutas militares na Finlândia foram vacinados com polissacáride meningocócico, verificou-se que nenhum caso de meningite ocorrera dentre esses recrutas, embora a doença se manifestasse sobre o restante da população. Por outro lado, quando apenas 20% dos recrutas foram vacinados nos Estados Unidos, a proteção se verificou apenas sobre essa população de vacinados6. O efeito da imunização com o polissacáride meningocócico C em 1969-70 mostrou que a vacinação fornece 50% de proteção contra a aquisição de um novo estado de portador dentro da população35, 69.
Embora desempenhe papel importante no controle de endemias e de casos esporádicos de meningites A e C, a vacinação para a massa populacional não tem sido recomendada nos Estados Unidos por três razões: a) a doença meningocócica tem sido pouco freqüente, 3.000 casos/ano; b) não existe ainda uma vacina anti-meningocócica B comprovadamente eficaz e esse sorogrupo representa 50% dos casos da doença; c) a vacina não é eficaz contra a doença causada pelo meningococo C, em crianças com menos de 2 anos de idade, faixa etária essa onde esse sorogrupo atinge 28% dos casos19, 20. Entretanto, considerando-se que nos Estados Unidos a taxa de doença meningocócica entre pessoas de 18 a 22 anos, preventivamente vacinadas, é de 0,5/100.000/ano, que a eficácia da vacina C é de 85% para uma cobertura de 80%, com efeitos colaterais raros ou infreqüentes, e que a taxa de doença meningocócica entre estudantes é de 1,3/100.000, Jackson e col.44 concluíram que é importante a vacinação de estudantes. Segundo esses autores, em primeiro lugar, o custo da vacina C é estimado em U$15.00 por dose, e os gastos com a administração da vacina têm um custo adicional de U$15.00 por dose, perfazendo U$30.00 por pessoa; em segundo, o tratamento da doença meningocócica custa em torno de U$8,145.00 por doente, incluindo 7 dias de hospitalização (estimativa de U$602.00/dia, em 1988). Assim, como o custo anual da vacinação dos estudantes é estimado em U$45 milhões, um programa de imunização de escolares é uma importante alternativa para uma economia dos recursos da saúde pública. A informação acerca da duração protetora fornecida pelas vacinas polissacarídicas é de importância para a escolha de esquemas de vacinação nos países com alta incidência da doença e com recursos financeiros limitados.
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