o que você poderia explicar dessa frase: “os mitos surgem do impulso humano de buscar explicações para os acontecimentos da vida”.
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Resposta:
O MITO
É quase um consenso entre os estudiosos de Filosofia que existiu uma forma
anterior à das explicações filosóficas, que podemos denominar de explicação mítica.
Chamaremos aqui, pois, de mito, toda tentativa de explicação que antecede, em uma
sociedade humana, as buscas de compreensão ancoradas mais firmemente na razão
(Filosofia) ou mesmo em tentativas de experimentação para as teorias propostas
(Ciência).
O ser humano, nos primeiros estágios de seu desenvolvimento rumo à
racionalidade, tinha extrema dificuldade para explicar os fenômenos que o cercavam.
Qual é o motivo para períodos longos de seca, seguidos de outros, abundantes de
chuvas? Por que, enquanto chove, os raios e os trovões se fazem presentes? Em
função de quê a alternância do dia e da noite? Ou de forma mais existencial: De onde
viemos? Para onde vamos? O que estamos exatamente fazendo aqui? Na ausência
de respostas racionais ou científicas para questões de tão necessária compreensão,
surgem então as explicações míticas. De acordo com Auguste Comte, num primeiro
momento, as divindades serão forças da natureza fetichizadas, ou seja, que ganham
uma vida diferente daquela que realmente possuem, e o sol se transforma em
divindade, e a lua em outra, e a floresta em outra. As divindades africanas, presentes
na umbanda ou no candomblé, até hoje são ligadas a forças ou elementos da
natureza.
Desse modo surgem também as divindades gregas, como Poseidon, o deus das
águas, Atena, a deusa da guerra, ou Afrodite, a deusa do amor. Vale ressaltar que os
deuses gregos são antropomórficos, ou seja, possuem forma humana, e, além disso,
sentimentos humanos, como amor, e ódio. Mentem, enganam, o que demonstra
claramente sua imperfeição, e não são, como o Deus abraãmico, seres com poder
ilimitado.
A dificuldade de abstração citada acima no texto, assim, não permitia aos gregos
conhecer muitas coisas que os cercavam, tais como os fenômenos da natureza, e
quando se deparavam com algo que, para eles, era inexplicável (como o trovão e o
relâmpago, por exemplo) estes homens se espantavam, isto é, temiam, naturalmente,
o desconhecido. Contudo buscavam conhecer o que estava acontecendo ao seu
redor, isto é, conhecer a ordem natural do mundo, o que implica, também,
compreender as causas e efeitos dos fenômenos naturais.