3) A professora Daiane começou a trabalhar com uma turma de
alfabetização e percebeu que as crianças escrevem com rabiscos,
utilizam as letras, mas não sabem os nomes delas e misturam com os
números. Como explicamos esse processo das crianças? Como deve ser
o trabalho inicial da professora?
Respostas
Estabeleça objetivos compatíveis com a série escolar
O desenvolvimento da competência de escrita é um processo longo. Nele, está envolvido o domínio de uma série de conhecimentos linguísticos e gerais adquiridos gradualmente, no decorrer da escolaridade. Entre as qualidades que contribuem para a proficiência na escrita, podemos destacar:
vocabulário;
bom uso da pontuação e da gramática;
compreensão da finalidade e da estrutura de cada gênero textual.
Portanto, essa habilidade é desenvolvida à medida que o aluno tem contato com os conteúdos acima e, principalmente, aprende a aplicá-los na comunicação. Por esse motivo, os objetivos referentes à produção textual precisam ser estabelecidos de forma progressiva, coerente com o nível de ensino. Eles devem desafiar o aluno a alcançar um novo patamar, mas sempre de acordo com suas possibilidades.
Destaque a leitura no processo de aprendizagem
O ser humano tem, naturalmente, o impulso da comunicação. Aprendemos a falar a partir da nossa interação com falantes. Quando se trata da escrita, esse diálogo acontece por meio da leitura.
Por isso, o primeiro passo para formar escritores competentes é criar bons leitores. À medida que o aluno aprecia e valoriza tudo o que recebe por meio da leitura, ele se sente estimulado a compartilhar suas próprias experiências, percepções e opiniões por meio da escrita. Portanto, trata-se da construção de significado e valor (do “por que escrever”).
A partir do momento em que dá aos estudantes uma motivação para escrever, a leitura passa a desempenhar outros papéis. Ela veicula informações e amplia o repertório do aluno, fazendo com que ele tenha “o que escrever”. Finalmente, essa prática o familiariza com os diferentes gêneros textuais, para que ele saiba “como escrever”.
Escolha estratégias efetivas para o grupo
Assim como os objetivos, as estratégias utilizadas devem ser compatíveis com a série e o nível de desenvolvimento dos estudantes. É essencial fornecer estímulos adequados a cada faixa etária, promovendo o engajamento e despertando o prazer de compartilhar pensamentos ou experiências por meio da escrita.
Para ensinar os alunos a escrever de forma clara ou proficiente, a produção textual precisa ser muito bem planejada e executada. É necessário que ela seja o ponto culminante de um processo de aprendizagem — e não uma atividade isolada.
Torne a produção textual consciente
A atividade de escrita deve ser desenvolvida de forma consciente. Isso significa que o estudante precisa, em primeiro lugar, ter um objetivo claro ao desenvolvê-la. Qual é o propósito do texto que será construído? Ele vai contar uma história? É preciso convencer o leitor de determinada ideia ou posicionamento? Será narrado um fato, uma ocorrência? Pretende-se emocionar, divertir ou informar?
A partir dessa definição, o estudante pode estabelecer o gênero textual mais apropriado para alcançar seu objetivo. Mais do que isso, ele deve conhecer a estrutura e os elementos de cada um deles, além de aprender a usá-los de modo a transmitir sua mensagem.
Portanto, o professor ensina a planejar e executar as diferentes etapas da produção textual, como título, enredo e estrutura. Depois, ele atua como orientador na escrita do conteúdo e na revisão do texto. À medida que se torna cada vez mais consciente desse processo, o aluno adquire a capacidade de realizar esse ciclo sozinho no futuro.
Forneça subsídios
Professores e alunos estão em um processo constante de construção de conhecimento. Mesmo quem já concluiu várias etapas de ensino se depara com assuntos que não conhece, além de temas novos e desafiadores, que exigem pesquisa e estudo.
Por esse motivo, todo trabalho de escrita deve ser precedido de um preparo. É extremamente produtivo explorar o tema da produção por diferentes perspectivas: vídeos e análises de imagens ou textos de vários gêneros (jornalísticos, charges, quadrinhos, poesias), além de uma ampla discussão.
Recorra à tecnologia
A tecnologia é uma fonte infinita de pesquisa, na qual o educador consegue encontrar todos os recursos necessários para a etapa anterior. Eles estão não só nos sites abertos da internet, mas também em plataformas desenvolvidas especificamente para contribuir com o trabalho do professor.
Além de ser uma fonte de conhecimento, a tecnologia desempenha outro papel fundamental: o de veículo de compartilhamento. Afinal, os textos são produzidos pensando sempre em um destinatário.
O jornal escreve para seus leitores, a mensagem de aplicativo é destinada aos amigos, o autor do livro tem um público em mente. Sem um destinatário, a produção se torna desestimulante. Planejar, escrever e revisar para ver o produto arquivado em uma gaveta, na maioria das vezes, faz o escritor entender que o esforço não vale a pena.
Nesse sentido, a web ganha destaque. O educador pode criar espaços virtuais que reúnem diferentes grupos de alunos, nos quais as produções são publicadas e discutidas.