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Historicamente, esse ser ancestral, notívago, insaciável em sua sede, atormentou povoados, promovendo mudanças de hábitos e comportamentos em determinadas épocas. Quase todas as culturas, das antigas às modernas, registram passagens em que seres saíam de seu túmulo e voltavam para assombrar os vivos, bebendo o sangue destes ou, em alguns casos, devorando-os.
A configuração do vampiro, em seus primórdios, está muito atrelada à ideia que se fazia sobre a morte. Acreditava-se que as pessoas tinham que cumprir um ciclo de sua existência no mundo, quando se estivesse no fim desse ciclo, isto é, em idade avançada, a morte, enfim, seria esperada e haveria um preparo para a sua chegada. O fato, portanto, de se morrer antes do tempo constituía uma espécie de transgressão, uma quebra do padrão estabelecido e aceito: “Há, portanto, um primeiro princípio, um verdadeiro teorema: toda pessoa que não tenha vivido até o termo prescrito não transpassa, permanece bloqueada entre
Isso não significa que a morte não fosse temida, o fato é que ela seria melhor aceita caso se enquadrasse no conceito de “boa”. O medo, porém, que pairava sobre os vivos conseguia ainda ir além da própria morte em si; segundo crenças antigas, acreditava-se que a alma permaneceria junto ao corpo por determinado tempo, pois só a partir do quadragésimo dia é que iria ocorrer o seu julgamento. Esse hiato entre a morte e o julgamento da alma poderia se tornar algo muito perigoso, uma vez que havia a possibilidade do retorno de alguns mortos para o mundo dos vivos.
Analisando o estofo histórico que envolve o mito dos vampiros, nota-se que, antes de ele ser celebrado pela literatura, muitas eram as suas faces e variantes; por vezes confundia-se com o fantasma e com o lobisomem e, nem sempre, foi considerado um apreciador do sangue humano. É a literatura, no entanto, que irá consagrá-lo no formato do morto-vivo hematófogo, espécie de parasita; em vista disso, autores de épocas diferentes criaram variações em torno do mito, vestindo-o, por vezes, de ar aristocrático, dando-lhe, por outras, uma sexualidade.
Mesmo assim, sob qualquer um dos disfarces em que apareça, o vampiro certamente figurará entre as criações mais assombrosas que já produziu a mente humana. Emissário da morte e do terror, essa criatura que, amaldiçoada, não pode ter descanso, está condenada a vagar pela imaginação do homem, alimentado pelas superstições, pela literatura, pelo cinema ou por qualquer veículo onde possa ser inserida uma grande dose de fantasia