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Resposta:
o nacionalismo e a ordem burguesa no séc. XIX
o nacionalismo é a ideologia da formação do estado-nação; o desenvolvimentismo é ideologia que torna o desenvolvimento econômico o principal objetivo político das sociedades modernas e é a forma de coordenação econômica e política do capitalismo na qual Estado e mercado são as duas instituições que se complementam nessa tarefa. Enquanto o nacionalismo é uma ideologia que surge com a formação dos primeiros estados-nação na Europa, o desenvolvimentismo, sem receber esse nome, está presente na história do capitalismo desde o mercantilismo; ele é uma teoria, é uma estratégia nacional de desenvolvimento que aparece com esse nome nos anos 1960 nos países periféricos que buscavam realizar o catching up ou alcançamento. É nesse momento que muitas sociedades pobres e periféricas tomam consciência de seu subdesenvolvimento e percebem que é possível superá-lo através da formação de uma verdadeira nação, a construção de um Estado, e a realização de um projeto nacional de desenvolvimento. O desenvolvimentismo enquanto estratégia e forma de coordenação do capitalismo é essencialmente uma alternativa superior ao liberalismo econômico, porque combina de forma equilibrada Estado e mercado. Enquanto teoria, o desenvolvimentismo clássico dos anos 1940 e 1950 definiu o desenvolvimento econômico como um processo de industrialização ou mudança estrutural, e o novo desenvolvimentismo dos anos 2000 e 2010 mostrou que existe nos países em desenvolvimento uma tendência à sobreapreciação cíclica e crônica da taxa de câmbio que, se não for neutralizada por uma política monetária e uma política cambial competentes, inviabilizará a industrialização. Além disso, distingue no capitalismo um setor competitivo e um não-competitivo, e planeja o segundo, enquanto deixa o primeiro por conta do mercado e de uma política industrial estratégica. As duas teorias inspiraram-se em Marx, na Escola Histórica Alemã e em Max Weber, e na Macroeconomia keynesiana e kaleckiana. O nacionalismo desenvolvimentista implica uma associação básica, mas sempre contraditória, da elite com seu povo, com o qual ela vive uma relação permanente de conflito e cooperação. Uma cooperação que nasce dos interesses comuns em torno da nação que a todos congrega, em torno do Estado que é seu instrumento por excelência de ação coletiva, em torno do mercado interno que é seu maior ativo econômico, em torno da moeda nacional que é a garantia de autonomia nacional; um conflito que reflete a luta legítima dos trabalhadores e das classes médias na partilha do excedente econômico gerado pelo desenvolvimento. Originalmente nacionalismo econômico e nacionalismo étnico se confundem, mas na medida em que a população do estado-nação cresce, ela tende a se diversificar em termos étnicos, e o nacionalismo identitário torna-se uma ideologia reacionária e perigosa porque excludente. O estado-nação é intrinsecamente desenvolvimentista, porque, no quadro da globalização, compete com os outros estados-nação por maior crescimento econômico e melhor qualidade de vida. Nessa competição, os países em desenvolvimento enfrentam o poder econômico, o poder militar e o poder cada vez mais ideológico do Ocidente, que, desde os anos 1980 passou a ser dominado por uma coalizão de classes financeiro-rentista que vê o liberalismo econômico como a forma ideal de capitalismo e procura impor essa ideia a todos os países. O desenvolvimentismo é sempre nacionalista, mas nacionalista econômico, não étnico. O desenvolvimentismo que os países retardatários adotam para realizar o alcançamento nada tem a ver com o nacionalismo xenófobo que caracteriza os partidos de extrema direita. É um nacionalismo que pressupõe um grau crescente de cooperação entre as nações, mas que parte de um pressuposto fundamental: a lógica do capitalismo foi sempre a da competição não apenas entre as empresas, mas também entre os estados-nação, e para enfrentar essa competição é necessário ser nacionalista - é necessário ser capaz de defender o trabalho, o conhecimento e o capital nacionais. No tempo do capitalismo global, financeiro-rentista, essa competição é muito forte, e os países ricos adotam práticas nacionalistas com a maior naturalidade, enquanto condenam o desenvolvimentismo dos demais países. O desenvolvimentismo envolve sempre a formação de uma coalizão de classes desenvolvimentista. Não há Estado desenvolvimentista se não houver um pacto político associando as principais frações de classe interessadas no desenvolvimento: os empresários, os trabalhadores e a tecnoburocracia pública.