Respostas
Resposta:
O behaviorismo radical tem sido alvo de muitas críticas, principalmente no que se refere às questões éticas. A despeito dessas críticas, Skinner considera a análise do comportamento uma ciência dos valores, discutindo a moralidade em termos de comportamento moral. Entretanto, a afirmação de que a análise do comportamento é uma ciência dos valores pode ter consequências sociais distintas a depender do modelo de ciência adotado como pressuposto. O debate científico contemporâneo trata da crise do modelo moderno de ciência e do surgimento de outro: o modelo pós-moderno. Uma das diferenças entre essas duas propostas científicas refere-se à relação entre ciência e sociedade. Considerando esses aspectos, o objetivo deste trabalho é discutir qual modelo de ciência, moderno ou pós-moderno, norteia a assertiva skinneriana que declara a análise do comportamento uma ciência dos valores. Para tanto, serão apresentadas, inicialmente, algumas concepções tradicionais de explicação do comportamento moral e as principais críticas que Skinner dirige a elas. Em seguida, o sistema ético skinneriano será analisado, juntamente às questões sociais envolvidas na prática do analista do comportamento. E, por fim, discutir-se-á como cada modelo de ciência pode subsidiar práticas de intervenção diferentes, com consequências sociais igualmente distintas.
Resposta:
As questões morais, como uma das dimensões da subjetividade humana, envolvem a participação e a interação de fatores socioculturais, afetivos e cognitivos. Assim, diversas perspectivas teóricas orientaram a investigação deste tema enfatizando diferentes aspectos deste desenvolvimento. As contribuições de Freud sobre os aspectos afetivos da subjetividade, encontradas amplamente em sua obra e, de modo especial em Três ensaios sobre a sexualidade (Freud, 1905/1973), focalizam, particularmente, a dramática edipiana na constituição da consciência moral, enfatizando, como elementos centrais neste processo, a importância da renúncia do sujeito à realização dos desejos infantis e a internalização das restrições sociais através da instância superegóica. Como expressão do caráter essencialmente conflitivo do processo de desenvolvimento e de uma apreciação estrutural da personalidade, a teoria psicanalítica aborda a moralidade em termos de aspectos ou traços de caráter que se expressam como consciência moral do indivíduo, sendo que esta consciência reflete o jogo de permissão/negação constitutivo da própria subjetividade. A dinâmica pulsional que alimenta o conflito intra-psíquico é regida por processos como a sublimação e a formação reativa, que se situam fora do controle consciente do sujeito.