Respostas
Resposta:
A conservação da natureza tem enorme potencial de desenvolvimento socioeconômico, sendo o turismo uma das atividades com maior capacidade de proteção ao meio ambiente e geração de renda e empregos.
Ao atrair pessoas para conhecerem, de maneira responsável, paisagens e belezas naturais do país, o setor – um dos mais impactados pela pandemia de Covid-19 – mostra que é possível unir esses dois pontos. Uma das opções de turismo mais promissoras e seguras para este momento em que se deve evitar aglomerações é o turismo em áreas naturais.
O Dia Nacional do Turismo Ecológico, celebrado no dia 1º de março, foi instituído justamente para incentivar a conexão entre as pessoas e a natureza, além de promover a consciência ambiental e a importância da preservação da fauna e da flora.
“A busca por contato com a natureza e a visitação de espaços naturais sempre foi de grande importância para a humanidade. A indústria do turismo busca se apropriar do desejo humano de contato com paisagens extraordinárias e, em última análise, com a natureza, como motor econômico. A forma que esta exploração econômica se dá é determinante para a sustentabilidade das próprias paisagens e atributos naturais”, afirma o professor do Instituto de Biociências da Unirio e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Carlos Augusto Figueiredo.
Resposta:
O Cerrado ocupa 2.036.448 km2 ou 22% do território brasileiro, mas ainda é um bioma pouco conhecido e
valorizado. Antigamente, era considerado de pouca beleza e utilidade, o que pode ter contribuído para sua rápida destruição.
Hoje já se sabe que muitas são suas qualidades! Apresenta paisagens de rara beleza, com mosaicos de vegetações e rios
com belas cachoeiras, além de muitas espécies animais. Possui plantas que produzem frutos de sabor peculiar e outras
tantas de alto potencial para utilização. O Cerrado também fornece água, seja pelas suas águas subterrâneas, seja pelas
nascentes de diversos rios que contribuem para importantes bacias hidrográficas do país. Muitos são os valores deste bioma
e dos serviços ambientais (ou ecossistêmicos) de extrema importância econômica e social por ele prestados.
Mesmo com aproximadamente metade do tamanho da Amazônia, o maior bioma do país, estudos recentes mostram
que o Cerrado é composto por quase o mesmo número de regiões ecológicas. É muito provável que esta riqueza de
ambientes e, consequentemente, de espécies, deve estar relacionada aos diversos mosaicos de vegetação e a sua
localização central, que permite o contato com outros quatro biomas brasileiros: a Amazônia, a Mata Atlântica, o Pantanal e a
Caatinga. Nestas áreas de contato, chamadas ecótonos ou zonas de transição, os biomas adjacentes compartilham
espécies e, geralmente, apresentam maior biodiversidade. Certamente, estes contatos influenciam a composição de espécies
do Cerrado, já que muitas de suas espécies, principalmente animais, também ocorrem nos biomas adjacentes.
O Cerrado é considerado uma das savanas de maior biodiversidade do planeta. Nele ocorrem mais de 7.000
espécies de plantas vasculares, das quais grande parte (44%) é endêmica. Já se sabe que mais de 700 de suas
espécies vegetais apresentam potencial de uso para nossa sociedade. Além desta riqueza, atualmente se conhecem cerca
de 900 espécies de fungos, que não são vegetais, mas um reino a parte, contudo estima-se que possam existir mais de 38
mil espécies no Cerrado.
A fauna do Cerrado também é muito rica. Mesmo com índices menores que da flora, seu números também surpreendem.
Somente entre os vertebrados, há mais de 800 espécies de aves e 1.200 de peixes, havendo 17% e 28% de endemismo na
fauna de répteis e anfíbios, respectivamente. Se sua fauna de vertebrados é pouco conhecida, a de invertebrados é menos
ainda. Há estimativas que indicam haver cerca de 90 mil espécies de invertebrados no Cerrado. Outros estudos, estimam que
este bioma abriga 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins de toda Região Neotropical.
Belas paisagens, céu de muitas estrelas, amplo horizonte, belos fins-de-tarde... rios e cachoeiras, combinações de
campos e florestas, arbustos tortuosos e coloridas flores... aves diversas e ambientes abertos que facilitam a visualização da
fauna... chapadas, cavernas, pinturas rupestres... cidades históricas, populações quilombolas e usos rurais tradicionais...
Estes são alguns dos aspectos que podem ser explorados, de forma responsável e sustentável, pelo turismo e,
especificamente, pelo ecoturismo ou turismo ecológico. Estas são atividades de demanda crescente em público e, se
adequadamente implementadas, de retorno em benefícios sociais e econômicos para a região e seus habitantes. São formas
de conciliar uso e desenvolvimento econômico e social, conservando os recursos naturais e serviços ambientais. Resta que
os setores público e privado se aliem e promovam o desenvolvimento adequado deste rico potencial que o Cerrado propicia.
O Bioma Cerrado é fundamental para a manutenção do equilíbrio hidrológico no país. Apesar do clima semiárido e
ambiente com períodos de deficiência hídrica, as águas das chuvas penetram no solo e abastecem aquíferos e nascentes. O
subsolo da região é rico em água e há quem o compare a uma “caixa d’água” para todo continente. Nele há grandes
reservatórios subterrâneos, dos quais se destaca parte do Aquífero Guarani. Mais ainda, o Cerrado fornece água
para outras regiões brasileiras, pois nele nascem rios de diferentes bacias hidrográficas do país. A água é um importante e
valioso recurso natural do Cerrado e, dentre suas valiosas funções ambientais, destacam-se a manutenção do suprimento e a
qualidade de água, serviços de extrema importância econômica e social.