• Matéria: Artes
  • Autor: rezendejuliana05
  • Perguntado 4 anos atrás

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Respostas

respondido por: juciara111
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Quem procura velhas fotografias da Festa do 2 de Julho pode perceber quanto enlevo e reverência, quanta empolgação e alegria tomavam conta da multidão. O centro da Festa era o tempo todo a passagem do Caboclo e da Cabocla. Havia sim outros elementos, como o Major Cosme de Farias de terno quadriculado, brandindo uma cartilha. Muitas vezes, levaram-se carros alegóricos com homenagens aos heróis, sendo Maria Quitéria e Joana Angélica as mais aplaudidas dentre eles. As escolas preparavam seus alunos para um dia especial. Fanfarras, pelotões e porta-bandeiras se esmeravam misturando civismo, vaidade e orgulho. O 2 de Julho era um festival de autoestima da cidadania baiana. Corais revestidos de certa solenidade às vezes esperavam a passagem dos Caboclos. Cadeirantes, idosos, parentes de longe e perto vinham ver. Botavam-se cadeiras na calçada, levavam-se sacolas com sanduíches de queijo e mortadela enrolados em panos de prato úmidos. A Lapinha vivia um clima especial, com alvorada, mingau e tudo mais.

 

Chamam a atenção, de uns trinta anos para cá, as transformações que a Festa vem experimentando, tensionando, colorindo e continuando o quadro acima. Alguns aspectos não se observam mais, como o tom de solenidade. Outros perduram, modificados. Afinal, ainda há alvorada e mingau na Lapinha. E o Batalhão Quebra-Ferro continua conduzindo com perícia e maestria os carros dos Caboclos, muita força na subida, muito cuidado na descida.

 

Com a multiplicação dos militantes partidários no contexto da redemocratização, a partir dos anos 80, multiplicaram-se também as bandeiras, os apitos e as quantidades de jovens e adolescentes que, seguindo as instruções de seus mentores, procuram visibilizar, mesmo que não saibam muito o que. E uns se manifestam diante dos outros, de modo que, nos momentos em que não estão disputando evidência no mesmo campo, não buscam mais visibilizar-se. Poucos chegam a olhar os Caboclos.

 

Por sua vez, a cada ano, enquanto aguardam um discurso de alguém do Instituto Geográfico e Histórico ou por este convidado, os Caboclos veem passar toda sorte de curiosos, devotos, políticos, militantes, candidatos e outros cidadãos, em meio a foguetes, cata-ventos, panfletos, picolés, coxinhas, pastéis, sacos de pipoca, garrafinhas de água e latinhas de cerveja. De 2 em 2 anos, tudo isto se mistura à propaganda eleitoral; a depender do momento político, também aos protestos.

 

Diante dos Caboclos, perfilam-se desde os anos 60 os itaparicanos da Associação Cultural Grupo Indígena “Os Guaranis” – vestidos de índio, como se diz –, levando à frente um estandarte, trazendo também crianças. De uns tempos para cá, juntam-se outros grupos, como representantes da Associação Maria Felipa, da mesma ilha, alguns coletivos de capoeira, manifestantes feministas, etc.

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