Imagine que um motorista de táxi, no final do expediente, transportou um pas- sageiro de seu local de trabalho até sua residência. Depois disso, foi para sua casa. Ao descer do táxi, observou que havia um envelope entre o banco do motorista e o do passageiro. Pegou esse envelope e, ao abri-lo, verificou que continha R$2.000,00, värias notas fiscais de uma empresa e documentos pessoais do passageiro, entre eles RG e um cartão com nome, endereço e telefone. Diante desse cenário, o que o taxista devena fazer? Como poderia agir eticamente? Como você se decidiu por uma opção, e não por outra? Qual critério utilizou? Foi uma boa decisão? Como você pode saber disso? Você diria que, para decidir sobre a escolha e seus resultados, foi racional ou impulsivo? Há como ser um (racional) sem ser o outro (impulsivo)?
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O cenário analisado tem a intenção de mostrar que o campo da ética é prático, ou seja, refere-se à alternativa de decidir, o que quer dizer que as ações humanas são possíveis, não necessárias. Para compreender ainda melhor, pense no oposto: na natureza, as ações são exigências universais e necessárias – por exemplo, o fogo, qualquer fogo (universal), sempre esquenta (necessário). O filósofo grego Aristóteles, na obra intitulada Ética a Nicômaco, ao falar de coisas que são dadas por natureza, cita uma pedra que, por natureza, cai. Por mais que se tente adestrá-la, jogando-a para cima diversas vezes, ela jamais “aprenderá” a subir e sempre cairá, necessariamente. Conforme afirma a filósofa Marilena Chaui, as ações humanas são sempre escolhas e nunca necessidades, porém suas consequências são variáveis: podem tanto ser positivas quanto negativas, seja para o indivíduo ou para as demais pessoas.
dilema colocado pelo exemplo do taxista – que tem de decidir se devolve o dinheiro esquecido pelo passageiro ou não – expõe que o ser humano, além de ter vontade deliberativa, é um ser misto, dotado de vontade racional e tendências irracionais. Pode haver contradição entre o que a vontade quer e o impulso incita; tome como exemplo a frase que você já deve ter dito ou ouvido: “Se eu tivesse pensado melhor, não teria agido por impulso"
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