• Matéria: Português
  • Autor: paulagold2019
  • Perguntado 3 anos atrás

A SECA
De repente, uma variante trágica. Aproxima-se a seca. O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.
Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.
Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra.
Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estóico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem-número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.
Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar. Aparelha-se com singular serenidade para a luta. Dois ou três meses antes do solstício de verão, especa e fortalece os muros dos açudes, ou limpa as cacimbas. Faz os roçados e arregoa as estreitas faixas de solo arável à orla dos ribeirões. Está preparado para as plantações ligeiras à vinda das primeiras chuvas.
Procura em seguida desvendar o futuro. Volve o olhar para as alturas; atenta longamente nos quadrantes; e perquire os traços mais fugitivos das paisagens.
Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos de uma moléstia cíclica, da sezão assombradora da Terra. Passam as “chuvas do caju” em outubro, rápidas, em chuvisqueiros prestes delidos nos ares ardentes, sem deixarem traços; e pintam as caatingas, aqui, ali, por toda a parte, mosqueadas de tufos pardos de árvores marcescentes, cada vez mais numerosos e maiores, lembrando cinzeiros de uma combustão abafada, sem chamas; e greta-se o chão; e abaixa-se vagarosamente o nível das cacimbas… Do mesmo passo nota que os dias, estuando logo ao alvorecer, transcorrem abrasantes, à medida que as noites se vão tornando cada vez mais frias. A atmosfera absorve-lhe, com avidez de esponja, o suor na fronte, enquanto a armadura de couro, sem mais a flexibilidade primitiva, se lhe endurece aos ombros, esturrada, rígida, feito uma couraça de bronze. E ao descer das tardes, dia a dia menores e sem crepúsculos, considera, entristecido, nos ares, em bandos, as primeiras aves emigrantes, transvoando a outros climas…
É o prelúdio da sua desgraça.
(Os Sertões, Euclides da Cunha)

Todas as ideias abaixo vão ao encontro do texto, exceto: (0,5)
A( ) apesar das experiências negativas, o sertanejo sempre tem esperanças de conseguir enfrentar e vencer a seca.
B( ) o sertanejo lança mão de conhecimentos práticos e de crendices para solucionar os problemas trazidos pela seca.
C( ) o homem do sertão sabe quando a seca está para chegar porque observa atentamente as mudanças da natureza.
D( ) os sinais que a natureza emite prenunciando a seca são insuficientes para que o sertanejo preveja a iminência da desgraça.
E( ) o nosso sertanejo, ao contrário de outros povos, enfrenta as forças negativas da natureza sem pavor e com valentia.


leylla2913: Letra C

Respostas

respondido por: pedrocamelo
0

Resposta:

eu achei esta resposta no Google copiando w colando

olha ai e me fala se tmb achou


paulagold2019: não atrapalhar
respondido por: leylla2913
1
Resposta:

“Pelo ritmo singular que se desencadeia o flagelo”

Explicação:

• Confia na mãe

paulagold2019: mais é qual a, b, C, d ou é??
leylla2913: Letra C
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