O nascimento da crônica Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem- se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro Petrópolis, e La glace est rompue; está iniciada a crônica. [...] Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda uma probabilidade de crer que foi coetânea das primeiras duas vizinhas. Essas vizinhas, entre o jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia. Provavelmente ilimitadas lastimar-se do calor. Uma dizia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha a camisa mais ensopando que as ervas que comera. Passar das ervas às plantações do morador fronteiro, e logo às tropelias amatórias do dito morador, e ao resto, era a coisa mais fácil, natural e possível do mundo. Eis a origem da crônica. Que eu, sabedor ou conjeturador de tão alta prosápia, queira repetir o meio de que lançaram mãos como duas avós do cronista, é realmente cometer uma trivialidade; e contudo, leitor, seria difícil falar desta quinzena sem dar à canícula o lugar de honra que Ihe compete. Seria; mas eu dispensarei esse meio quase tão velho como o mundo, para somente dizer que a verdade mais incontestável que achei debaixo do sol é que ninguém se deve queixar, porque cada pessoa é sempre mais feliz do que outra. ASSIS, Machado de. O nascimento da crônica. Disponível em: . Acesso em: 1 jun. 2018.
O trecho que apresenta um adjetivo exercendo uma função de adjunto adnominal é
A)um "bufando como um touro".
B)"entre o jantar e a merenda". C)"manda-se um suspiro a Petrópolis". "Eis a origem da crônica".
E)”Que desenfreado calor!”.
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Letra B
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